Nesta página vamos ver, principalmente, a localização das linhas sísmicas antigas (anteriores a 1972), tiradas pela Petrangol e pela Total CAP, assim como as linhas antigas ré-processadas pela Sonangol. Da mesma maneira, mostraremos a nova malha sísmica SKB (2012), que a Sonangol tirou, sobre a carta morfológica (mapa de GoogleEarth), assim como sobre a carta geológica e sobre a carta das zonas de fractura e províncias geológicas, o que permitirá aos geocientistas, encarregados das tentativas de interpretação geológica, de pressagiar aquilo que irão, mais ou menos, testar e encontrar nas linhas sísmicas.

Nesta carta estão localizadas todas as linhas sísmicas (à volta de 10300 quilómetros) tiradas pela Petrangol e Total CAP.  A Petrangol começou a pesquisar no onshore de Angola depois da segunda guerra mundial. Ela tirou cerca de 6000 km de linhas sísmicas, na base das quais, perfurou, aproximadamente, 150 poços (pesquiza e desenvolvimento). A Total CAP começou a pesquisar neste onshore em 1968. Ela tirou cerca de 4300 km de linhas sísmicas que permitiram a perfuração de 15 poços de pesquisa até 1975. Todas estas linhas sísmicas, que chamaremos linhas antigas, são linhas clássicas ou 2D, anteriores ao advento da migração. Na sísmica clássica ou 2D, a coerência sísmica longitudinal (ao longo dos perfiles) é boa, mas a coerência lateral (na direcção perpendicular) é muito menos, por vezes num relação de 1 para 100. Além disso, os perfiles tirados em duas direcções, mais ou menos, perpendiculares não tomam em linha de conta que uma componente da inclinação (mergulho) dos reflectores, em geral, diferente duma direcção a outra. Esta sísmica não é correctamente explorável que no caso de inclinações fracas ou de estruturas uniformemente cilíndricas alinhadas ao longo dos perfis. A migração dos dados sísmicos é um processo que tem por base a equação de onda e que (i) corrige as distorções dos registos das reflexões, (ii) coloca nas verdadeiras posições espaciais cada uma das reflexões, antes ou após o empilhamento e com (iii) uma redução simultânea das figuras de difracção (colapsa a energia das difracções até seus pontos de espalhamento ou de difusão). Em outros termos, as linhas sísmicas antigas são de má qualidade e difíceis de interpretar em termos geológicos como ilustrado na figura abaixo.

Esta figura ilustra duas tentativas de interpretação geológica, feitas no início dos anos 70, de duas linhas sísmicas antigas paralelas do onshore do Kwanza. Não obstante a fraca inclinação dos reflectores (condição favorável para que uma sísmica clássica ou 2D se possa explorar correctamente) a qualidade das linhas não é muito boa. O intervalo evaporítico (colorido em violeta), pouco espesso, pode-se seguir, mais ou menos, em continuidade. Ele sublinha, grosseiramente, a desarmonia tectónica induzida pelos movimentos do sal. Os reflectores suprassalíferos estão deformados (alongados), enquanto que os infrassalíferos não. Embora os parâmetros de aquisição não sejam propícios à perceptibilidade de reflectores infrassalíferos, a presença de reflectores sísmicos descontínuos, mais ou menos, paralelos debaixo do sal sugere a presença de sedimentos infrassalíferos. Contudo, tendo em linha de conta a geometria desses reflectores é, pouco provável, que eles correspondam a uma bacia do tipo-rifte. Provavelmente, eles correspondem a sedimentos infrassalíferos da margem divergente (posteriores à ruptura da litosfera), mas a sua cartografia é praticamente impossível tendo em linha de conta a qualidade dos dados.

Em 2007, Sonangol tomou a sábia decisão de reprocessar e migrar os dados legíveis das antigas linhas sísmicas tiradas pela Petrangol e Total CAP. Contudo, como se pode constatar comparando esta carta com a carta precedente (penúltima figura), a grande maioria das fitas magnéticas são ilegíveis. Por outro lado, como ilustrado na figura seguinte, o reprocessamento não melhorou, de maneira significativa, os dados infrassalíferos, uma vez que os parâmetros de aquisição das linhas antigas não são adaptados a tal fim. Nessa época, os geocientistas estavam sobretudo interessados em testar o potencial petrolífero dos sedimentos suprassalíferos.

A linha sísmica ilustrada acima, localizada na região de Cacuaco (ver mapa de localização no canto inferior esquerdo desta figura), é uma versão reprocessada de uma linha sísmica antiga próximo da qual foi localizado o poço Cacuaco- 9. Nesta linha há um nítido melhoramento na definição e geometria dos reflectores suprassalíferos, que permite um ponteado muito rigoroso dos planos de falha em particular. Ao contrário, debaixo do sal não há, praticamente, nenhuma melhoria. Como isto é, igualmente, o caso em todas as outras linhas reprocessadas, pode dizer-se que toda a pesquisa infrassalífera requer a compra das linhas sísmicas SKB (2012). A tentativa de interpretação geológica, é provisória. Ela sugere fortemente que a estrutura Cacuaco (esta linha mostra apenas o flanco oriental da estrutura) não corresponde a uma armadilha estrutural sem falhas, mas sim a uma associação lateral armadilhas morfológicas por justaposição. Na verdade, hoje, pode-se dizer que os poços Cacuaco não testaram uma grande armadilha estrutural, mas várias indiscerníveis (naquela época) armadilhas morfológicas por justaposição, o que explica perfeitamente os resultados dos poços. O potencial petrolífero de estrutura Cacuaco e do bloco KON-2, requer, em primeiro lugar, a interpretação geológica dos dados sísmicos reprocessados. Por outro lado, os geocientistas não devem esquecer que a escala vertical da linha sísmica é em tempo e não em profundidade, ou seja, qualquer mudança lateral de velocidade de intervalo (por exemplo, variações da espessura do sal) induz um artefacto sísmico. Assim, por exemplo, nesta linha sísmica, os sedimentos infrassalíferos da margem (formação Cuvo, em amarelo), que parecem horizontais, na realidade (no terreno) mergulham para Oeste. Da mesma maneira, a sinforma visível na parte oriental da linha é um artefacto sísmico induzida a presença do depocentro Oligoceno-Mioceno.

A malha sísmica SKB, tirada em 2012 está aqui desenha sobre a carta Google do onshore da Bacia do Kwanza. Em média a distância entre as linhas sísmicas é de, mais ou menos, 10-15 km, o que quer dizer, que todo o prospecto petrolífero com uma área de fecho inferior a 100 km^2, pode passar despercebida, o que é, particularmente verdadeiro, para o infrassalífero. Por outras palavras, é ilusório tentar definir um prospecto perfurável, unicamente, com esta sísmica. As linhas antigas têm que ser utilizadas (para prospectos suprassalíferos) e ou uma campanha de detalhe terá que ser tirada para melhor definir.  

Esta carta permitirá aos geocientistas encarregados das tentativas de interpretação geológica das linhas sísmicas da campanha SKB (2102) de calibrar (em formações geológicas) os níveis superiores e, particularmente, a superfície dos dados. Isto é muito importante, uma vez que os parâmetros de aquisição utilizados visando, sobretudo, os intervalos infrassalíferos, os níveis superiores têm muito ruído.

A sobreposição da malha sísmica e da carta das zonas de fractura permitirá aos geocientista em carga das tentativas de interpretação geológica das linhas sísmicas da campanha SKB (2012) de fazer atenção as áreas de intersecção (zonas de fractura / linhas sísmicas), uma vez que em 1-2 quilómetros tudo pode mudar. Isto é, particularmente, bem visível nas linhas sísmicas NNO-SSE. Por outro lado, ela indica as linhas onde, aparentemente não há mudanças súbitas, quer da base do sal, quer do substrato, quer da cobertura salífera (linhas dentro da mesma província geológica).

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Ultima modificação
: Fevereiro, 2015