Ábaco..................................................................................................................................................................................................................................................................................Nomogram

Abaque / Nomografía / Nomogramm / 计算图表 / Номограмма / Nomogramma

Representação gráfica composta de várias linhas, com diferentes escalas, dispostas de tal maneira, que conectando os valores conhecidos sobre duas linhas um valor desconhecido pode ser lido no ponto de intersecção com outra linha. Um ábaco típico têm três escalas. Duas escalas representam os valores conhecidos. A outra escala é a escala onde o resultado pode ser determinado. As escalas podem ser lineares ou logarítmicas. Sinónimo de Nomograma.

Ver: " Curva Logística "
&
" Lei de Hubbert "
&
" Janela de Maturação "

Como ilustrado na parte superior direita desta figura, um ábaco ou nomograma, como certos geocientistas lhe chamam, é, basicamente, um gráfico que serve para representar equações, com várias variáveis, num plano. Este tipo de representação reduz o cálculo das soluções a uma simples leitura efectuada no ábaco. Neste exemplo, isto quer dizer, que se conhecermos os valores de A (no eixo das abcissas, i.e., a coordenada horizontal, que serve para fixar um ponto num plano) e de B (no eixo das ordenadas, i.e. a coordenada vertical, que neste caso, serve para fixar um ponto no sistema de coordenadas cartesiano), podemos determinar o valor C unindo os valores de A e B. A maior parte dos ábacos tem um sistema de coordenadas diferente do sistema cartesiano. Os ábacos são muito utilizados na pesquiza petrolífera, onde determinadas propriedades, como a porosidade de uma rocha-reservatório (rocha com características de porosidade e permeabilidade, que permitem a acumulação e circulação de hidrocarbonetos e água) pode ser determinada de maneira indirecta, a partir de valores de outras propriedades medidos nas diagrafias eléctricas. Não esqueça, que a porosidade de uma rocha-reservatório, que depende, principalmente do : (i) Grau de enterramento, o qual determina, em parte, a compactação ; (ii) Regime térmico e (iii) Percolação de fluídos, pode ser determinada de maneira directa a partir dos testemunhos de sondagem. O ábaco principal desta figura (escalas logarítmicas)mostra que a distribuição do tamanho dos campos petrolíferos (± 95% dos campos do mundo) é parabólica (poucos campos gigantes e muitos campos pequenos) e que o cumulo da reservas atingiu, praticamente, o seu máximo, o que quer dizer que, no ano 2002, o pico do petróleo já não estava muito longe.

Abissal ......................................................................................................................................................................................................................................................................................Abyssal

Abyssal / Abisal / Abyssal / 深海的 / Глубоководный / Abissale

Ambiente sedimentar ou morfologia do fundo do mar caracterizada por uma lâmina de água (profundidade) superior a 3500 metros. Num ambiente abissal, várias morfologias do fundo do mar podem existir : (i) Espigão Abissal ; (ii) Mesa Abissal ; (iii) Doma Abissal ; (iv) Bacia Oceânica ou Abissal ; (v) Planície Abissal ; (vi) Colina Abissal e (vii) Fossa Abissal.

Ver: " Batial "
&
" Ambiente Sedimentar "
&
" Lâmina de Água de Plataforma "

Função da lâmina de água, em direcção do largo, vários ambientes sedimentares podem reconhecer-se: (i) Litoral ; (ii) Nerítico ; (iii) Batial ; (iv) Abissal e (v) Hadal. Para a maioria dos geocientistas, o ambiente litoral é limitado entre o nível máximo da maré alta (preiamar) e o nível mínimo da maré baixa (baixamar). O limite entre o ambiente batial e abissal varia segundo os geocientistas. Os diferentes limites propostos para estes ambientes não têm nenhuma implicação geológica ou sedimentar. Certos ambientes podem ser sub-divididos. Assim, por exemplo, o ambiente batial podem subdividir-se em: (a) Batial Superior ; (b) Batial Médio e (c) Batial Inferior. O ambiente Hadal existe, sobretudo, nas margens continentais convergentes, isto é, quando uma placa litosférica oceânica mergulha sob uma placa continental formando, uma zona de subducção do tipo “B” (também chamada zona subducção de Benioff). Na realidade, é neste ambiente muito profundo que se localizam as fossas oceânicas, nas quais, como ilustrado neste esquema, o fundo do mar pode ultrapassar 6000 metros. Na estratigrafia e em sobretudo na estratigrafia sequencial, o ambiente abissal é, basicamente, o domínio onde se deposita o cortejo sedimentar de nível baixo do mar (CNB) e, particularmente, o seu membro inferior, isto é, os cones submarinos de bacia (CSB). Os cones submarinos de talude (CST), que formam o membro médio do cortejo de nível baixo, podem estar presentes, mas, normalmente, eles depositam-se sob uma lâmina de água mais pequena (ambiente batial). Os sedimentos distais das progradações, mais jovens, do prisma de nível baixo (PNB), que é o membro superior do cortejo de nível baixo, podem depositar-se num ambiente abissal, em particular, quando a geometria do prisma é muito progradante. Estes sedimentos profundos correlacionam-se (em tempo) com os depósitos de água pouco profunda depositados ao longo da mesma linha cronoestratigráfica (diferentes litologias contemporâneas).

Ablação..................................................................................................................................................................................................................................................................................Ablation

Ablation / Ablación / Ablation, Abschmelzung / 消融 / Абляция (вымывание) / Ablazione

Processo pelo qual, num ambiente sedimentar glacial, mais baixo que a linha da neve, o gelo de um glaciar desaparece, principalmente, por evaporação e fusão. Como este termo também se aplica a toda a perda de neve e gelo de um icebergue, além da evaporação e fusão, a erosão pelo vento e a glaciofracturação são, igualmente, considerados mecanismos importantes da ablação.

Ver: "Glaciar "
&
" Linha de Neve "
&
" Campo de Neve "

Nesta figura, a glaciofracturação (fracturação de uma massa de gelo, quer seja de um glaciar, icebergue ou plataforma de gelo) e a erosão são, provavelmente, os mecanismos mais importantes da ablação, a qual é controlada pela insolação, como a teoria astronómica dos paleoclimas o sugere (ciclos de Milankovitch). A evaporação e sublimação (transição de uma fase sólida para uma fase gasosa sem passar pela fase intermediária líquida) desempenharam sempre (em termos geológicos), um papel muito importante na fusão das calotes de gelo e glaciares. Foram elas  que permitiram, entre outras coisas, que uma grande parte dos continentes setentrionais, como o norte do Canadá e Europa, fosse recentemente (tempo geológico) utilizada como área de domicilio humano. Aqueles que pensam que as mudanças climáticas, ablação, adelgaçamento dos glaciares e mares de gelo, assim como o aumento da quantidade de CO_2 na atmosfera, são uma consequência directa e exclusiva da actividade humana mostram uma ignorância total da Geologia. Muito antes que homem existisse à superfície da Terra, as mudanças climáticas, o adelgaçamento e espessamento dos glaciares e as variações do teor de CO_2 na atmosfera, existiram sempre na história geológica. Os planos de estratificação das rochas sedimentares correspondem a mudanças climáticas, assim como as moreias terminais e de recessão sublinham o adelgaçamento (por definição um glaciar não anda para trás, i.e., não recua) e espessamento (avanço) dos glaciares. Não esqueça que um glaciar é uma corrente de gelo. Ele existe unicamente enquanto houver escoamento, isto é, enquanto a acumulação e ablação se equilibrarem. Quando a ablação é maior do que a acumulação, uma calote ou glaciar continua a escoar-se costa abaixa, mas adelgaça-se. Sem mudanças climáticas as variações glacioeustáticas não existiriam e a análise sequencial também não, uma vez que a ciclicidade dos depósitos sedimentares, que é controlada pela eustasia, estaria ausente.

Abrasão.............................................................................................................................................................................................................................................................................Abrasion

Abrasion / Abrasión / Abrasion, Abtragung / 磨蚀 / Абразия (истирание) / Abrasione

Raspagem mecânica de uma superfície rochosa por fricção (atrito) entre as rochas e as partículas sedimentares transportados pelos agentes erosivos (vento, cursos de água, glaciares, ondas do mar, gravidade, etc.). O resultado da fricção é a formação de detritos ou restos de rochas, que são os resíduos que se desorganizaram por atrito.

Ver: " Erosão "
&
" Glaciar "
&
" Resto de Rochas "

Como ilustrado, a grande maioria das ilhotas do offshore norte de Berwick (norte da Escócia) são rochas "moutonnées", isto é, rochas com uma morfologia semelhante à do dorso de uma ovelha. Esta morfologia, que é, fortemente, assimétrica, é o resultado de uma importante ablação criada pelo escoamento de uma enorme massa de gelo. A assimetria das rochas "moutonnées" é, facilmente, visível na imagem ilustrada nesta figura. A parte mais escarpada sublinha o arrancamento de blocos do substrato rochoso pelo movimento do gelo, o que indica o sentido e, em parte, a direcção do movimento da massa de gelo. A direcção do deslocamento é mais fácil de deduzir pelo declive, relativamente, contínuo, do dorso da rocha "moutonnée". Como ilustrado no esquema da parte inferior desta figura, ao longo do dorso de uma rocha "moutonnée", que corresponde a um substrato rochoso, mais ou menos, bem polido, existe uma série de estruturas, resultantes da abrasão, que indicam de maneira, mais ou menos, precisa a direcção e sentido do movimento do glaciar: (i) Estrias Glaciares, que se encontram em rochas de idades muitos diferentes e que, por isso, permitiram aos geocientistas de reconhecer na história geológica, períodos frios e quentes, isto é, mudanças climáticas ; (ii) Fracturas Conchoidais ; (iii) Fracturas ; (iv) Traços de Goivas e (v) Lúnulas glaciares (não têm nada a ver com as lúnulas tectónicas, que ocorrem, com muita frequência, nos planos de estratificação, em particular nos intervalos estratigráficos carbonatados). As lúnulas glaciares, estão associadas a uma abrasão induzida pelo peso e escoamento de uma massa de gelo, enquanto que as lúnulas tectónicas são induzidas pelo peso e deslocamento, em direcção do ápice dos anticlinais, da camada sobrejacente, a quando de um encurtamento (compressao) sedimentar. Pode dizer-se, que a montante de uma rocha "moutonnée", a abrasão, por fricção, do glaciar é, relativamente, uniforme.

Abrupto (de berma) ......................................................................................................................................................................................................................................Beach Scarp

Abrupt (de plage) / Escarpa (de playa) / Steilen Strand / 海滩陡坡 / Откос пляжа (береговой уступ) / Brusco dalla spiaggia

Escarpa entre dois patamares ou bermas de praia consecutivas. Cada degrau de praia é formado por um patamar (berma) e um abrupto. Os degraus de praia são, particularmente, frequentes nos arredores do limite superior (à montante) da praia-média. Um grande abrupto (escarpa de praia) existe entre a praia-baixa e a praia-média em associação com o ponto de inflexão que é o limite, a jusante da praia-média. Para certos geocientistas, o conjunto da praia-baixa e praia-média forma a praia-propriamente-dita. Os abruptos de praia sugerem os níveis de preiamar viva e preiamar morta.

Ver: " Escarpa da Praia "
&
" Praia "
&
" Litoral "

A nomenclatura dos elementos que formam a morfologia do litoral varia com os geocientistas. Os abruptos de berma sublinham o limite superior da praia propriamente dita, que corresponde à parte inferior do do espraiado ou estrão (espaço entre os limites atingidos pelas marés vivas). A parte superior da escarpa de praia, marcada pela linha de inflexão corresponde praia-média que pode ser considerada como uma grande berma. Nas linhas sísmicas convencionais, os abruptos de berma nunca são visíveis, uma vez que as suas dimensões são inferiores à resolução sísmica. Quando, numa tentativa de interpretação geológica de uma linha sísmica, o geocientista que fez a interpretação  propõe um abrupto de praia, ele está, certamente, a confundi-lo com o rebordo da bacia ou com o rebordo continental (não é a mesma coisa que o rebordo da bacia). Da mesma forma, as diferentes bermas também não são visíveis nas linhas sísmicas convencionais. Quando elas são propostas numa tentativa de interpretação, o mais provável é que o intérprete não reconheceu, certamente, a retrogradação (sucessão para montante) das diferentes posições da ruptura costeira da inclinação da superfície de deposição durante um intervalo transgressivo, em particular do cortejo transgressivo do ciclo-sequência. Na realidade, quando o nível relativo do mar sobe, a linha da costa e a ruptura costeira da inclinação da superfície de deposição, são deslocadas para o continente, com a formação de uma superfície ravinamento. Durante a fase de estabilidade (relativa) que se segue a uma subida relativa do nível do mar, gradualmente, a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição e a linha da costa deslocam-se para jusante, uma vez que há deposição e progradação. No entanto, elas não alcançam as suas posições originais, ou seja, as posições que ocupavam antes da subida relativa do nível do mar , uma vez que o acarreio terrígeno não só diminui, devido à inundação do continente, mas, igualmente, a extensão da plataforma continental aumentou. Uma nova subida relativa (em aceleração) de nível do mar, desloca, de novo, a ruptura de inclinação da superfície de deposição para montante e uma nova superfície de ravinamento se forma sobre os sedimentos transgressivos depositados antes. Esta história repete-se até que a subida relativa do nível do mar seja em desaceleração, o que induz o início do prisma de nível alto, que, em geral, cria uma geometria retrógrada que não deve ser confundida com os degraus das bermas que sublinham, grosso modo, os níveis de preiamar viva e morta.

Acarreio Sedimentar.............................................................................................................................................................................................Sediment Supply

Apport Sédimentaire / Aporte sedimentario / Sedimentzufuhr / 沉积物供给 / Осадочный нанос / Apporto solido

Quantidade de partículas sólidas (sedimentos) transportada, em geral, por uma combinação da força da gravidade e/ou escoamento de um fluído, para os ambientes de deposição. O acarreio sedimentar é um dos parâmetros que controla os sistemas de deposição. Sinónimo de Acarreio Terrígeno e de Aporte Sedimentar.

Ver: " Ambiente Sedimentar "
&
" Erosão"
&
" Fluxo Granular "

Esta figura ilustra de maneira esquemática a influência do acarreio sedimentar num sistema de deposição. Assumindo que todos os outros parâmetros, que controlam um sistema de deposição (eustasia, tectónica, clima, etc.), são constantes, a influência do acarreio sedimentar reconhece-se pela posição da linha da costa. Quando o acarreio sedimentar é fraco (esquema superior), como é o caso nas áreas entre os distributivos, para uma série de subidas relativas do nível do mar (quatro neste exemplo), sem descidas relativas entre elas (paraciclos eustáticos), a linha da costa, com o tempo, desloca-se em direcção do continente e, portanto, pode falar-se de uma transgressão local. Quando o acarreio sedimentar é forte, como em frente dos distributivos, para a mesma série de subidas relativas do nível do mar, sem descidas entre elas, a agradação costeira (distância entre o primeiro e último bisel de agradação costeiro) é a mesma que no caso anterior, mas a linha da costa desloca-se para o mar (prograda). Neste caso, pode falar-se de regressão, pelo menos localmente, e diz-se que a linha da costa, sofreu uma progradação. No terceiro caso, que é pouco frequente, o acarreio sedimentar é tal, que para a mesma série de paraciclos eustáticos (mesma agradação costeira), a linha da costa mantém-se, mais ou menos, na mesma posição. Neste caso, não há nem transgressão nem regressão, mas uma estabilização da linha da costa. O acarreio sedimentar balança (equilibra) a subida relativa do nível do mar VRNM (acrónimo de Variação Relativa do Nível do Mar), que neste caso corresponde à soma das quatro agradações costeiras induzidas pelos paraciclos eustáticos. Quando se diz que a linha da costa se deslocou para o continente (retrogradação) estamos, na realidade, a fazer um erro de linguagem, uma vez que os depósitos costeiros deslocam-se sempre para o mar. Os sedimentos costeiros não se depositam durante as subidas relativas do nível do mar, mas durante os períodos de estabilidade entre elas. Desta maneira, uma transgressão sublinha, de modo global, uma série de deslocamentos da linha da costa para o mar (regressões) cada vez mais pequenos.

Acarreio Terrígeno......................................................................................................................................................................................................Sediment Supply

Apport terrigène / Aporte terrígeno / Sedimentzufuhr / 沉积物供给 / Терригенный нанос / Apporto solido

Um dos quatro factores que controlam a geometria dos ciclos estratigráficos e, em particular, dos ciclos-sequência. Os outros três factores são: (i) Tectónica ; (ii) Eustasia e (iii) Clima. A interacção entre a tectónica (subsidência ou levantamento) e a eustasia gera mudanças relativas do nível do mar, as quais controlam o espaço disponível (acomodação) para os sedimentos. O acarreio terrígeno determina quanto do espaço disponível é preenchido. Sinónimo de Acarreio Sedimentar e Aporte Sedimentar.

Ver: " Acomodação "
&
" Regressão "
&
" Transgressão "

Quando a relação entre a taxa de criação de espaço disponível (acomodação) e a taxa de sedimentação é superior a 1, os depósitos são regressivos (geometria progradante) com um padrão grano e estratocrescente. Ao contrário, quando a relação entre a taxa de criação de espaço disponível (acção combinada da tectónica e eustasia) e a taxa de sedimentação é inferior a 1, os sedimentos depositados são transgressivos (geometria retrogradante) e caracterizados por um padrão sedimentar grano e estratodecrescente. Por outras palavras, quando o aporte terrígeno é suficiente para que a ruptura costeira da superfície de deposição se desloque para jusante, desenvolve-se uma regressão. Quando o aporte terrígeno não é suficiente, para que a ruptura costeira da superfície de deposição avance para o mar, produz-se uma transgressão. Não esqueça que em ambas as situações, a criação de espaço disponível, induzida por uma subida relativa do nível do mar, é necessária. Durante uma transgressão, as subidas relativas do nível do mar são em aceleração, enquanto que, durante uma regressão, elas são em desaceleração. A cada subida relativa do nível do mar em aceleração, a ruptura costeira da superfície de deposição (± a linha da costa) desloca-se para o continente. Com o aumentando da extensão da plataforma continental, o aporte terrígeno disponível não é suficiente para que o paraciclo-sequência associado ultrapasse a parte distal do paraciclo anterior. Como por definição o paraciclo precedente é mais importante (subida relativa do mar em aceleração), desenvolve-se uma geometria retrogradante característica das transgressões. No caso das regressões, é o contrário. Há sempre mais aporte terrígeno do que é necessário para preencher o espaço disponível, o que obriga os depósitos costeiros a avançar par o mar reduzindo a extensão da plataforma à medida que o nível relativo do mar sobe em desaceleração.

Acção das vagas (mar calmo)........................................................................................................................................................Fair Weather Wave Base

Limite d'action des vagues (de beau tempo) / Acción de olas (mar calmo) / Grenze von Wellenbewegungen (ruhige Meer) / 波行动的限制(宁静的海) / Предел волнового воздействия (спокойное море) / Limite di azione delle onde (mare calmo)

Quando a acção erosiva das ondas do mar atinge, mais ou menos, a profundidade de 10 metros. Este nível corresponde, aproximadamente, à posição da ruptura costeira (ou quebra) da inclinação da superfície de deposição.

Ver: « Nível de Acção das Vagas »
&
« Ruptura Costeira (Superfície de Deposição) »
&
« Acção das Vagas (marmuito agitado) »

Quando o mar está calmo, como ilustrado nesta fotografia da praia de Bells, próximo de Melborno (Austrália), ele é pouco ondulado e o nível de acção erosiva das vagas atinge apenas entre 5 e 10 m de profundidade. Nestas condições, o mar é, em geral, relativamente límpido, uma vez que a banda do fundo do mar afectada pelas ondas é, geralmente, constituída por areia, mais ou menos, grossa. Note nesta fotografia a falésia ou arriba de praia, os diferentes patamares que se podem pôr em evidência na praia propriamente dita (praia-media e praia-baixa) e as correntes da ressaca (corrente de afluxo e de refluxo). A velocidade das ondas do mar é função do comprimento de onda das vagas (L). Quando a profundidade do fundo do mar é maior do que o comprimento de onda, a velocidade é dada por v= (gL/2π)1/2 = 1,56 L1/2. Se a profundidade do mar (h) é mais pequena do que o comprimento de onda, a velocidade é dada por v= (g.h)1/2. Quando o mar é calmo, como neste exemplo, a acção das vagas, corresponde, principalmente, a uma lavagem dos sedimentos arenosos e grosseiros do fundo do mar, o quer isto dizer, que não há formação de superfícies de ravinamento, as quais correspondem a superfícies de erosão submarina na plataforma. Ao contrário das outras superfícies de erosão, as superfícies de ravinamento não estão associadas a descidas relativas do nível do mar, mas a subidas relativas, sobretudo, durante o cortejo transgressivo (CT) de um ciclo-sequência, as quais deslocam para o continente a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição. Em nenhum caso, as superfícies de ravinamento podem ser interpretadas como discordâncias, as quais, na estratigrafia sequencial, limitam os pacotes sedimentares depositados durante os ciclos eustáticos. As superfícies de ravinamento podem, facilmente, pôr-se em evidência no campo, pelo estudo das relações geométricas entre os planos de estratificação, mas elas nunca se podem reconhecer nas linhas sísmicas. Só as discordâncias (limite dos ciclos estratigráficos) são visíveis nos dados sísmicos, sobretudo na parte superior do talude continental (canhões submarinos) e a montante do rebordo continental (vales cavados ou incisos). É por isso, que na estratigrafia sequencial, as tentativas de interpretação geológica das linhas sísmicas regionais é fundamental.

Acção das vagas (mar médiamente agitado)...............................................................................................................................Average Storm Wave

Limite moyenne d'action des vagues (de tempête) / Acción de olas (mar agitado) / Durchschnittliche Grenze der Wirkung von Sturmwellen / 平均风浪限制行动 / Средний предел действия штормовых волн / Limite medio di azione di onde di tempesta

Quando a acção erosiva das vagas (ondas do mar) atinge a profundidade de, mais ou menos, 30 metros, o que quer dizer, que a distância entre duas vagas sucessivas (distância entre duas cristas ou duas cavas consecutivas) é cerca de 60 metros (metade do comprimento de onda).

Ver: « Nível de Acção das Vagas »
&
« Nível de Base (de deposição) »
&
« Variação Relativa (do nível do mar) »

Quando o mar está agitado, como nesta fotografia (Naish Farm, Reino Unido), ele é, em geral, muito lamacento,visto que ele contém muito material em suspensão arrancado, principalmente, ao fundo do mar pela acção erosiva das vagas. Como neste exemplo, o comprimento de onda das vagas (distância entre duas cristas sucessivas) é, mais ou menos, 40 m, pode dizer-se, que acção erosiva atinge uma profundidade de cerca de 20 m. Com efeito, num determinado ponto, a profundidade da acção erosiva das vagas é, aproximadamente, metade do comprimento de onda das vagas. A velocidade das ondas varia com a profundidade do fundo mar e ela corresponde, na realidade, a uma fase de velocidade. De facto, fora da zona de rebentação (onde as ondas de oscilação se transformam em ondas de translação) não são as partículas de água que se movem, mas as cristas e as cavas (depressões) das ondas, isto é, a fase da superfície da água (pense ao o movimento de um objecto que flutua no mar). Em termos de estratigrafia sequencial, pode dizer-se, que a acção erosiva das vagas é responsável das superfícies de ravinamento criadas, principalmente, durante o cortejo sedimentar transgressivo (CT) de um ciclo-sequência. O mecanismo de formação de tais superfícies pode resumir-se assim : (i) No fim do depósito de um prisma de nível baixo (PNB), o rebordo continental coincide com a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição (bacia sem plataforma continental) ; (ii) Desde que nível relativo do mar sobe, a ruptura costeira individualiza-se do rebordo continental, que passa a ser o rebordo da bacia, devido ao seu deslocamento em direcção do continente ; (iii) Uma tal retrogradação inicia uma plataforma continental com uma lâmina de água equivalente à subida relativa do nível do mar ; (iv) A acção erosiva das vagas produz no fundo do mar uma superfície de ravinamento (erosão), que é, progressivamente, fossilizada pelos sedimentos, que se depositam desde que a ruptura costeira da superfície de deposição se desloca para o mar ; (v) A progradação da ruptura costeira termina com uma nova subida relativa do nível do mar, que a desloca, outra vez, em direcção do continente, o que cria uma nova superfície de ravinamento, etc.

Acção das vagas (mar muito agitado).....................................................................................................................................Major Storm Wave Base

Limite maximale d'action des vagies (de tempête) / Límite máximo de acción de olas de tormenta (mar agitado) / Maximale Wirkung von Sturmwellen / 最大风浪行动 / Максимальное действие штормовых волн / Limite massimo di azione di onde di tempesta

Quando a acção erosiva das ondas do mar atinge cerca de 50 m, ou mais, de profundidade de água, o que  acontece sobretudo durante as fortes tempestades.

Ver: « Acção das Vagas (mar mediamente agitado) »
&
« Nível de Base (de deposição) »
&
« Turbidito »

Quando o mar está muito agitado, a profundidade da acção erosiva das vagas é tão grande que os sedimentos de uma vasta área do fundo do mar são postos em suspensão tornando-o muito lamacento, como se pode constatar nesta nesta fotografia. Na realidade, a mancha acastanhada que se observa na parte oeste do Mar Vermelho, não deve ser confundida com as nuvens (manchas brancas). Ela é devida à forte carga sedimentar que o mar tinha no momento em que a fotografia foi tirada. A escala do fenómeno aqui ilustrado é elucidativa do impacto da acção erosiva das vagas quando o mar está muito agitado. Esta acção pode explicar a formação de certas correntes turbidíticas durante períodos geológicos de nível alto do mar (nível do mar acima do rebordo da bacia), particularmente, durante o depósito de prisma de nível alto (PNA). Com efeito, durante os prismas de nível alto, a partir de um determinado momento, as bacias sedimentares não têm plataforma continental. Isto quer dizer, que a ruptura costeira de inclinação da superfície de deposição costeira e o rebordo continental são, praticamente, coincidentes. Nestas condições, quando o mar está muito agitado, a acção das vagas erode e remobiliza os depósitos costeiros, criando correntes de gravidade (correntes de turbidez), as quais transportam os sedimentos para a planície abissal via o talude continental. Função da quantidade de sedimentos transportados pelas correntes de gravidade, vários tipos de sistemas turbidíticos podem depositar-se no talude inferior e planície abissal. Mutti (1995) considera três tipos de turbiditos principais: (i) Tipo I ; (ii) Tipo II e (iii) Tipo III. A quantidade de material arenoso transportado pelas correntes diminui do Tipo I para o Tipo III. Vail (1988) considera dois tipos de depósitos turbidíticos: (I) Cones Submarinos de Talude (CST) e (ii) Cones Submarinos da Bacia (CSB). A grande diferença entre o modelo de Vail e de Mutti é que Vail considera que os turbiditos se depositam, unicamente, durante períodos de nível baixo, o que não é o caso de Mutti. Para P. Vail, os turbiditos estão sempre associados a descidas relativas do nível do mar, isto é, a superfícies de erosão, que ele considera como discordâncias. Mutti pensa, e certamente com razão, que os depósitos turbidíticos não são restritos a condições de nível baixo do mar.

Acme......................................................................................................................................................................................................................................................................................................Acme

Acmé / Acme / Höhepunkt / 頂點 / Высшая точка / Acme

O mais alto nível ou grau atingido. O mais alto estágio de desenvolvimento. Em topografia, o acme é o ponto de uma superfície que tem a mais alta elevação em relação a todos os pontos imediatamente adjacentes. Em biostratigrafia, o acme (zona de acme, zona de abundância ou zona de pico) é a área de um intervalo estratigráfico, limitado entre a primeira e a última aparição de determinado táxon (numa certa área), onde o táxon fóssil alcança um nível máximo de abundância.

Ver: " Biostratigrafia "
&
" Biozona "
&
" Fóssil Característico "

Como ilustrado nesta figura, o termo acme é utilizado em diferentes contextos, mas sempre para designar um alto nível ou estágio de desenvolvimento (auge ou clímax). Topograficamente, como ilustrado pelas fotografias, pode dizer-se que, na cadeia montanhosa dos Alpes, o pico do Monte Branco é o acme dos Alpes, assim como o pico do Monte Evereste (Pico de Qomolangma), no sistema montanhoso dos Himalaias, é o acme do mundo. Da mesma maneira, pode dizer-se, que a fossa oceânica das Marianas, localizada na parte oeste do Oceano Pacífico, a este das ilhas Mariana, é o acme da profundidade do mar. Lembre-se que uma fossa oceânica sublinha, numa margem continental convergente, a depressão entre a placa descendente oceânica e a placa cavalgante quer esta seja de natureza continental ou oceânica. É interessante notar que o acme topográfico de cada sistema montanhosos é, muitas vezes, associado a uma zona de subducção do tipo A (Ampferer), enquanto que o acme de cada fossa oceânica sempre associado a uma zona de subducção do tipo B (Benioff). Na biostratigrafia, cada táxon (singular de taxa), isto é, cada entidade que agrupa todos os organismos vivos que têm em comum certas características taxonómicas ou diagnósticas bem definida, tem sempre uma zona acme, isto é, uma zona de desenvolvimento máximo entre limite de aparição e desaparecimento do táxon. Por exemplo, os euripterídeos, que são os maiores artrópodes (filo Chelicerata) da história Terra (com mais ou menos 2,5 metros de comprimento quando adultos) e que se extinguiram há muitos milhões de anos, tiveram o seu acme durante o Silúrico e Devónico. Como os fósseis destes escorpiões gigantes se encontram desde o Ordovícico até ao Pérmico, é permitido pensar que eles viveram, mais ou menos, entre 505 e 248 milhões de anos atrás (escala tempo de Harland et al. 1982).

Acomodação ...................................................................................................................................................................................Accommodation, Space Available

Accommodation / Acomodación / Unterkunft / 可用空间 / Жилое помещение (размещение) / Accomodamento

Espaço disponível para os sedimentos entre o fundo e o nível de mar. As variações do espaço disponível são induzidas pelas mudanças relativas do nível de mar, isto é, pelos efeitos combinados da tectónica, eustasia e espessura dos sedimentos depositados, e não unicamente devido às variações eustáticas (variações globais do nível do mar referenciadas ao centro da Terra).

Ver: " Mudança Relativa do Nível do Mar "
&
" Lâmina de Água de Plataforma "
&
" Ciclo Estratigráfico "

A acomodação ou espaço disponível para os sedimentos varia com as mudanças relativas do nível do mar. Quando há uma subida relativa do nível do mar, a lâmina de água aumenta e, em geral, há deposição (sobretudo a montante da ruptura costeira da inclinação da superfície de deposição). Ao contrário, quando há uma descida relativa do nível do mar, a lâmina de água diminui e, em geral, há erosão, sobretudo, a montante do rebordo da bacia. Não confunda, rebordo da bacia, que, em geral, corresponde ao limite entre a plataforma continental ou planície costeira e o talude continental, com a ruptura costeira da inclinação da superfície de deposição, a qual corresponde, mais ou menos, à linha da costa. Com excepção dos sistemas de deposição turbidítica (cones submarinos), que depositam, segundo P. Vail, quando o nível relativo do mar desce, isto é, quando a plataforma continental (se ela existir) é exumada, todos os outros cortejos sedimentares, que compõem um ciclo-sequência, se depositam quando o nível relativo do mar sobe. Contudo, o nível relativo do mar pode subir em aceleração ou em desaceleração. Num ciclo-sequência, quando o nível relativo do mar sobe em aceleração depositam-se: (i) O prisma de nível baixo (PNB) e (ii) O cortejo transgressivo (CT). Quando o nível relativo do mar sobe em desaceleração deposita-se o prisma de nível alto (PNA). Como ilustrado acima, além da acomodação, os outros parâmetros que controlam os sistemas de deposição são: (i) Eustasia ; (ii) Tectónica (subsidência ou levantamento ; (iii) Acarreio sedimentar (aporte terrígeno) e (iv) Clima. O clima é muito importante, uma vez que as mudanças climáticas são uma realidade que existe desde que a Terra se formou à cerca de 4,5 Ga. Numa coluna sedimentar, toda a alternância entre areias e rochas argilosas (argilitos não metamorfizados) ou calcários, por exemplo, é uma consequência, directa ou indirecta, de uma mudança climática. Da mesma maneira, uma discordância, que separa os diferentes pacotes sedimentares é, na maior parte das vezes, induzida pela glacioeustasia.

Acontecimento (geológico)..........................................................................................................................................................................................................................Event

Événement (géolique) / Acontecimiento (geológico) / Geologische Ereignis / 地质事件 / Геологическое событие / Evento geologic

Tudo o que pode suceder e contribuir para a história da Terra. Os acontecimentos geológicos podem ser raros ou frequentes. Os acontecimentos geológicos podem ser: (i) Regulares (uma vez cada 100 anos) ; (2) Comuns (uma vez cada 1000 anos) ; (iii) Recorrentes (uma vez cada 1 x 106 anos), ; (iv) Ocasionais (uma vez cada 10 x 106 anos) e (v) Raros (uma vez cada 1 x 109 anos ). Um acontecimento geológico raro, à escala humana, é um evento comum nos registros estratigráficos. Haye demonstrou que há 95% de probabilidades que um ciclone se abata em qualquer parte do Golfo do México todos os 3 ky (3000 anos).

Ver: « Ciclo Estratigráfico »
&
« Integralidade Sedimentar »
&
« Tempo Geológico »

Para definir quantitativamente o conceito de evento geológico, Gretener (1967) utilizou um jogo de dados. Como um evento natural depende da ocorrência simultânea de vários factores, a probabilidade de ocorrência de um tal evento é o produto das probabilidades de ocorrência dos diferentes factores. A formação de uma acumulação de petróleo (campo petrolífero), por exemplo, depende, principalmente, de cinco parâmetros. Por isso, a probabilidade de descobrir um campo petrolífero é o produto das probabilidades dos cinco parâmetros. Se a probabilidade de um parâmetro for zero, a probabilidade de descoberta é zero. Na realidade, se o parâmetro petrolífero "rocha-mãe" (presença e maturação da matéria orgânica) for zero, isto é, se não existe uma rocha-mãe na região, capaz de gerar hidrocarbonetos, o estudo dos outros parâmetros petrolíferos (Reservatório, Armadilha, Migração e Retenção) é supérfluo. Lembremos que num jogo de 8 dados, a probabilidade de sair 8 vezes a face “6”, quando se lançam todos os dados (oito) é de 1 em 2 milhões. Contudo, quando o número de lançamentos aumenta, aumenta, também, a probabilidade de obter um lançamento com oito faces “6”. Teoricamente, há 95% de probabilidade de obter, pelo menos uma vez, oito faces “6” num total de 5 milhões de lançamentos. Tudo isto quer dizer : (i) À escala humana (2-3 gerações), uma pequena probabilidade de ocorrência de um certo evento geológico, é considerada como uma impossibilidade, embora não exista nenhuma lei natural que impeça esse evento de acontecer ; (ii) O que é impossível, à escala humana (colisão da Terra com um asteróide, por exemplo), é unicamente pouco provável à escala geológica. Para compreender o significado e a importância de um acontecimento (ou evento) geológico, é, iguqlmente, importante não esquecer que um sistema estratigráfico (Silúrico, por exemplo) é ocasional e incompleto. Ele têm numerosas lagunas (de sem-depósito ou de erosão), o que quer dizer, que em geral, os sistemas estratigráficos não traduzem o intervalo do tempo geológico equivalente, mas, unicamente, o tempo durante o qual ocorreu deposição.

Acreção (geologia).................................................................................................................................................................................................................................................Accretion

Accrétion / Acreción / Anlagerung, Zuwachs / 增加 / Аккреция (нанос смытой породы) / Accrezione

Processo pelo qual um material é adicionado a uma placa litosférica ou a um continente. O material adicionado pode ser sedimentar, vulcânico (subaéreo ou oceânico) ou ígneo. Dois tipos de acreção são possíveis: (i) Acreção associada com a tectónica das placas litosféricas e (ii) Acreção continental associada com a evolução da linha da costa ou com as margens de uma corrente (água, gelo ou vento).

Ver: " Subducção de tipo-A "
&
" Barra de Meandro (fóssil) "
&
" Moreia "

Nesta tentativa de interpretação geológica de uma linha sísmica do offshore da Namíbia, uma acreção vulcânica (sub-aérea) seguida de uma acreção sedimentar detrítica do Oeste do continente africano é perfeitamente visível. Antes dos resultados dos poços de pesquiza perfurados nesta região, um dos quais foi localizado nesta linha sísmica), muitos geocientistas pensavam, que o intervalo sísmico inferior, que é caracterizado por reflectores, mais ou menos, contínuos e inclinados para o mar (SDR, en inglês, acrónimo de "Seaward Dipping Reflectors") correspondia a uma bacia do tipo-rifte e não à parte inferior da margem divergente do Atlântico Sul. Os resultados dos poços de pesquiza corroboraram que a discordância induzida pela ruptura do Gondwana, a qual individualizou o continente africano, corresponde à interface entre o soco e a base do intervalo SDR, o qual é basicamente constituído por lavas subaéreas. Hoje, a grande maioria dos geocientistas pensa que a história geológica, mais provável, desta área se pode resumir assim: (i) Alongamento do continente Gondwana por um sistema de falhas normais e formação de bacias do tipo-rifte, com uma geometria de demigraben com vergência oeste ; (ii) Preenchimento das bacias de tipo-rifte por sedimentos não-marinhos, com horizontes lacustres (rochas-mãe potenciais), inclinando para Oeste (atenção, ver mais baixo), o que é conforme à vergência das bacias de tipo-rifte ; (iii) Ruptura da litosfera (Gondwana) e individualização de duas placas litosféricas (América do Sul e África) acompanhada de um importante derrame vulcânico em direcção das margens individualizadas a partir de centros de expansão subaérea (vulcões), localizados ao longo da zona de ruptura ; (iv) Acreção das margens por lavas subaéreas que se adelgaçam à medida que elas se afastam dos vulcões ; (v) Basculamento das margens em direcção do proto-oceano formado entre elas e início da acreção e expansão oceânica (alastramento), isto é, formação de crusta oceânica seguida do depósito do prisma sedimentar. É importante não esquecer que a escala vertical de uma linha sísmica é em tempo, e que por isso a profundidade de água tem que ser corrigida. Por outras palavras, numa linha sísmica em profundidade, que se aproxima mais de uma secção geológica , os reflectores, sobretudo os reflectores da parte ocidental da linha, inclinam muito menos para Oeste e podem mesmo inclinar para Este, sobretudo os mais profundos.

Actualismo.............................................................................................................................................................................................................................................................Actualism

Actualisme / Actualismo / Aktualismus / Actualism / Актуализм (актуалистический метод) / Attualismo

Hipótese segundo a qual os processos geológicos que se exerceram no Passado se exercem ainda Actualmente. Esta hipótese, conhecida também por Uniformitarismo, é, muitas vezes, resumida pelo adágio : "O Presente é a chave do Passado". O actualismo, que é incompatível com certas crenças religiosas (Criacionismo), opõe-se ao catastrofismo. Sinónimo de Princípio de Uniformitarismo.

Ver: " Catastrofismo (princípio) "
&
" Princípio Geológico "
&
" Princípio do Uniformitarismo"

O conceito clássico de uma Terra jovem, avançado, e sobretudo defendido, por certas comunidades religiosas, para quem a Terra é velha de unicamente cerca de 6000 anos, uma vez que Deus criou Adão no paraíso em 4004 anos antes de Cristo, foi totalmente refutado por uma série de métodos científicos, isto é, métodos testáveis pelo critério de falsificação Karl Popper (1934), o qual não é um critério de verdade, mas de cientificidade. A descoberta do Tempo Geológico ou Tempo Profundo (segundo a expressão de McPheee, 1980) e da idade da Terra (± 4,5 Ga) provocou uma imensa restrição na importância do homem e permitiu aos geocientistas de conceber a história da Terra de uma maneira, totalmente, diferente. Na realidade, com uma tal imensidade do tempo geológico, processos tais que a erosão (desgaste das rochas e solos pelo vento e água), sedimentação (depósito de sedimentos), encurtamento dos sedimentos (levantamento por compressão), etc., puderam, perfeitamente, ter moldado a Terra e explicar a sua aparência actual. Esta hipótese defendida e resumida por Lyell pelo célebre slogan "O Presente é a chave do Passado" contém a ideia básica do Actualismo, isto é, da hipótese que a Terra foi moldada, de maneira gradual, por processos e forças que ainda actuam hoje. Esta teoria, que foi formulada, antes de Lyell, por Buffon, contrasta com o Catastrofismo (Terra moldada por eventos únicos e catastróficos, tais como o dilúvio ou uma colisão com um asteróide), está ilustrada nesta figura. Os meandros, canais abandonados, barras de meandro, etc, que hoje se observam na maior parte das planícies aluviais são descritos por modelos que podem ser utilizados, de maneira satisfatória, para descrever objectos geológicos antigos, como os da fotografia no canto inferior esquerdo. Não esqueça que a ideia de base um modelo, que ele seja geológico ou climático, é sempre a mesma: na ausência da compreensão completa de um fenómeno ou objecto, tenta-se dar uma descrição aproximada satisfatória.

Acumulação (agradação, acreção) ..........................................................................................................................................................................................Aggradation

Aggradation / Agradación / Ablagerung / 沉積 / Аградация (намыв) / Aggradazione

Aumento de altitude da superfície terrestre ou diminuição da batimetria devido à deposição de sedimentos. A acumulação sedimentar ocorre em áreas em que há espaço disponível (aéreo, sub-aéreo ou aquático) para os sedimentos (acomodação) e onde o acarreio sedimentar (aporte sedimentar) é maior do que a quantidade de material que o sistema é capaz de transportar.

Ver: " Deposição (clásticos) "
&
" Deposição Fluvial "
&
" Subida Relativa (do nível do mar) "

O conceito de acumulação está ilustrado nesta figura, quer pela fotografia, que representa um rio durante a estação seca, quer pelos esquemas geológicos no canto inferior esquerdo da figura. Teoricamente, para haver acumulação de sedimentos, isto é, para haver deposição é necessário criar espaço disponível, se ele não existir, para que os sedimentos possam depositar-se. Nos sistemas de deposição marinha, a acumulação requer a criação de espaço disponível, sobretudo, a montante do rebordo continental, quer este corresponda ou não ao rebordo da bacia. A jusante do rebordo continental existe sempre espaço disponível para os sedimentos. A criação de um tal espaço disponível para a acumulação faz-se por uma subida relativa do nível do mar em resposta à acção combinada da eustasia e da tectónica (subsidência ou levantamento). O espaço disponível criado, a montante do rebordo continental, isto é, na plataforma continental, pode ser totalmente preenchido, ou não, função do acarreio sedimentar. Nos sistemas de deposição não-marinha, o princípio de criação de espaço disponível é, mais ou menos, o mesmo, mas os mecanismos são diferentes. No caso, ilustrado nesta fotografia, a acumulação dos diferentes intervalos sedimentares (três são visíveis) fez-se durante períodos de cheia da corrente (rio, ribeira, riacho, etc.), uma vez que o nível da água subiu e aumentou o espaço disponível para os sedimentos, o que permitiu a deposição. Outros tipos de acumulação fluvial são possíveis, quer na superfície de inundação, como ilustrado nos esquemas (fase 1 e 2), quer no leito, quer nos meandros das correntes. No primeiro caso, um período de cheia da corrente é necessário para que a água, carregada de sedimentos, transborde o leito e diques marginais naturais. A deposição no leito da corrente implica que o tamanho dos sedimentos seja suficiente para impedir todo transporte por arrastamento ou saltação. A acumulação nos meandros obedece a uma simples perda da competência de transporte da corrente na parte côncava do meandro onde a velocidade de escoamento é mais pequena.

Acumulação Carbonatada (crescimento)........................................................................................................................Carbonate Buildup

Accummulation carbonatée / Acumulación carbonática / Karbonate Aufbau / 碳酸鹽建隆 / Карбонатная залежь / Accumulazione carbonato

Termo ou expressão não-genérica para designar o depósito de qualquer corpo sedimentar carbonatado que difere dos equivalentes laterais e dos sedimentos que o recobrem. Em geral, quando há construção vertical (crescimento), ele é mais espesso e, morfologicamente, mais alto do que os equivalentes laterais, mesmo durante a sedimentação.

Ver: " Recife "
&
" Coral "
&
" Deposição (carbonatos) "

Nesta tentativa de interpretação geológica de uma linha sísmica ao largo da Indonésia (offshore de Bornéu), as construções carbonatadas são óbvias. Como se pode ver, a tentativa de interpretação é proposta em ciclos-sequência, que são induzidos por ciclos eustáticos de 3^a ordem, isto é, por ciclos eustáticos que têm uma duração entre 0,5 e 3-5 My (milhões de anos). Os limites entre os ciclos-sequência, como entre todos os outros ciclos estratigráficos (ciclos de invasão continental, subciclos de invasão continental, ciclo-sequência, paraciclos (dos ciclos-sequência) e ciclos de alta frequência), são sempre limitados por discordâncias criadas por descidas relativas do nível do mar (efeitos combinados de eustasia e tectónica). Contudo, na parte proximal da bacia, onde esta a linha sísmica foi tirada, apenas o cortejo transgressivo (CT) e o prisma de nível alto nível (PNA), assim como o prisma de nível baixo (PNB) se depositaram. Outros membros do cortejo de nível baixo (CNB), isto é, os cones submarinos de bacia (CSB) e os cones submarinos de talude (CST) são visíveis apenas a Este desta linha, na parte mais profunda da bacia. Nesta tentativa de interpretação, é claro que a grande maioria das construções carbonatadas se desenvolveram durante os cortejos transgressivos (CT). Desde que o nível relativo do mar subiu (em aceleração) e inundou a planície costeira do prisma de nível baixo subjacente, formou-se uma plataforma continental que aumentou à medida das subidas relativas que se seguiram (entre as subidas relativas do nível do mar não há descidas relativas, elas correspondem a paraciclos eustáticos). Em certas partes da plataforma continental, especialmente perto do rebordo da bacia (mais ou menos coincidente com o rebordo continental), a taxa de subida relativa do nível do mar foi tal que permitiu a construção de depósitos de carbonatos, visto que que a lâmina de água se manteve, mais ou menos, constante. A estabilidade da profundidade da água é uma condição sina qua non para que as estruturas orgânicas se desenvolvam, as quais, em certos casos, podem continuar a crescer durante o prisma de nível alto, se a profundidade o permitir.

Acumulação Estival (de uma varva) ......................................................................................................................................Summer Accumulation

Accumulation estivale / Acumulación estival / Sommer Anhäufung / 夏季積累 / Летнее накопление / Accumulo di stato (a varva)

Deposição de sedimentos no fundo de um lago, em geral, pró-glaciar, durante o verão, isto é, quando os canais distributivos não estão gelados e podem transportar sedimentos para o lago.

Ver: " Varva "
&
" Acumulação Invernal (de uma varva) "
&
" Lago Pró-glaciar "

Uma estratificação rítmica, na qual horizontes paralelos, com composições litológicas diferentes, alternam, é perfeitamente ilustrada, nesta fotografia (margem oeste do lago Michigan, nos EUA), pelas varvas induzidas pelas variações climáticas associadas às estações do ano. A sedimentação nos lagos pró-glaciares é muito diferente no verão e no inverno. Os sedimentos grosseiros, que são mais claros, depositam-se durante o verão. Durante o inverno, quando os canais distributivos e a superfície dos lagos está geladas, depositam-se, no fundo do lago, unicamente, os sedimentos mais finos, que são mais escuros (ricos em matéria orgânica), uma vez que o aporte terrígeno (acarreio sedimentar) é muito fraco. Pode dizer-se que uma varva representa a sedimentação anual, que é constituída por um par de horizontes : (i) Um espesso e claro, que corresponde a acumulação estival e (ii) Outro formado por sedimentos mais finos e escuros, que correspondem à acumulação invernal. Quando uma tal alternância é visível, o que necessita pouco enterramento e uma diagénese fraca, ela permite a datação correcta das varvas, desde que se disponha de um ponto de referência recente ou antigo. Isto não é o caso da datação do gelo, a qual é indispensável ao estudo dos gazes contidos nas bolhas dos testemunhos de gelo que estão muito na moda. Com efeito, se a datação do gelo é fácil, quando se vêm as variações anuais, a datação é muito mais difícil quando as variações anuais não são detectáveis em profundidade. Neste caso, uma série de hipóteses sobre a compactação e acumulação do gelo, assim como a calibração a pontos de referência (erupções vulcânicas conhecidas, por exemplo) ou a medidas cosmogónicas, são necessárias. Se as datações do gelo são afectadas de muitas imprecisões, as medidas de temperatura deduzidas das variações isotópicas do hidrogénio ou oxigénio da água também o são. Na realidade, é evidente que a climatologia moderna, que é caracterizada por um número muito grande de observações directas feitas durante um período de tempo muito pequeno, é um mau indicador das mudanças climáticas. Ao contrário, da climatologia moderna, a paleoclimatologia é um bom indicador das mudanças climáticas, embora o número de observações seja muito limitado.

Acumulação Invernal (de uma varva).....................................................................................................................................Winter Accumulation

Accumulation Hivernale / Acumulación invernal / Winter Anreicherung / 冬季積累 / Зимнее накопление / Accumulo di inverno (a varva)

Deposição de sedimentos argilosos no fundo de um lago pró-glaciar durante o inverno, quando os canais distributivos estão gelados e que, por isso, não podem transportar novos sedimentos para o lago.

Ver: " Varva "
&
" Acumulação Estival "
&
" Lago Pró-Glaciar "

As varvas são rochas sedimentares comuns. Esta figura mostra as varvas depositadas perto do Rio Little (Vermont, EUA). Cada parelha representa o padrão depositado anualmente num corpo de água (em geral, um lago pró-glaciar). As variações anuais do escoamento da água condicionam o acarreio sedimentar para os corpos de água. As partículas mais grossas são transportadas durante o verão e depositam-se rapidamente, enquanto que as partículas mais finas levam vários meses para se depositar e, em geral, acumulam-se no inverno, quando os canais distributivos estão gelados. Os diferentes tamanhos e composições das partículas produz um padrão zebrado, que as variações sazonais acentuam (quantidade de matéria orgânica). Os horizontes claros e mais grosseiros depositam-se durante o verão e passam, verticalmente, a horizontes mais escuros, de granulometria mais fina do que a dos sedimento,s depositados durante o inverno. Esta parelha de horizontes sedimentares representa o registo de um ano de deposição. Este facto, é utilizado pelos geocientistas para datar e melhor compreender as glaciações. Certos geocientistas, que estudam os gazes contidos nas bolhas do gelo e que dizem que os resultados são estáveis, esquecem, por vezes, como é que essas bolhas se formaram. As bolhas de gás movem-se na neve e nevado acima da zona de fecho (entre 20 e 150 m de profundidade). Isto quer dizer, que durante o período de abertura das bolhas de gás que pode ser superior 5 000 anos, há agregação por convexão, difusão e gravitação dos gases atmosféricos. Por outras palavra, os gases estão, mais ou menos, em comunicação com a atmosfera, o que, necessariamente, implica uma ponderação (uma média) dos resultados sobre vários milénios. Quando a ponderação não é feita, os resultados do teor de CO2, por exemplo, medidos nos testemunhos de gelo são muito homogéneos, quando comparados com os resultados indirectos da temperatura dados pelos métodos de "proxy". Os geocientistas, como Laherrere e outros, que assinalam a influência da contaminação atmosférica (± 5 000 anos) nas bolhas de gás dos núcleos de gelo e assim na determinação da temperatura, continuam a ser tratados de céptico pelos "novos" ecologistas, que defendem ou defendiam aquecimento global antropogénico de maneira dogmática e não científica.

Acunhamento (biselamento).....................................................................................................................................................................................................................Lapout

Bisellement / Biselamiento (acuñamiento) / Abschrägung / 斜角 / Седиментационное выклинивание пластов / Smussatura, Bisello /

Terminação lateral dos estratos ou dos reflectores (nas linhas sísmicas) contra uma discordância ou desconformidade. Um acunhamento pode ocorrer no limite superior de um ciclo estratigráfico (bisel superior ou bisel somital) ou no limite inferior (bisel de agradação e bisel de progradação). Sinónimo de Biselamento.

Ver: " Limite do Ciclo-sequência"
&
" Biselamento "
&
" Agradação "

Nesta tentativa de interpretação geológica de uma linha sísmica do offshore da Mahakam (costa Este de Bornéu, Indonésia), localizada perto do campo de gás de Tunu, o qual tem reservas recuperáveis entre 15-20 Tcf, isto é, entre 15-20 milhões de milhões de pés cúbicos, os acunhamentos (neste caso sobretudo de agradação) dos reflectores sísmicos são, facilmente, visíveis. Isto é sobretudo verdadeiro, debaixo do limite superior do ciclo-sequência (SB 10,5 Ma) definido pelas discordâncias SB 10,5 Ma e SB12,5 Ma. Os reflectores sísmicos, que nesta tentativa de interpretação estão sublinhados por traços contínuos com diferentes cores, correspondem a linhas tempo, isto é, a linhas cronoestratigráficas, que são, mais ou menos, paralelas aos planos de estratificação. Estes biséis (terminações laterais dos reflectores) definem superfícies sísmicas (linhas tracejadas) que caracterizam, neste caso particular, descidas relativas do nível do mar (discordâncias). Estas descidas relativas do nível do mar causaram o deslocamento, para a bacia (jusante) e para baixo (agradação negativa) dos biséis de agradação costeiros (próximos da linha da costa), o que criou condições geológicas de nível baixo do mar. A forte taxa de sedimentação, que ocorreu nesta área durante o Miocénico, permite reconhecer, dentro do ciclo-sequência SB 10,5-12,5 Ma, duas outras discordâncias (superfícies de erosão), que estão sublinhadas pelas linhas tracejadas mais finas. Assim, pode dizer-se, que o ciclo-sequência SB 10,5-12,5 Ma é formado pela sobreposição de ciclos estratigráficos de ordem inferior (alta frequência), os quais, muitas vezes, não estão representados na curva de Vail (curva dos biséis de agradação costeira). Na Estratigrafia Sequencial, por convenção, SB 10,5 Ma, por exemplo, é a discordância de idade 10,5 Ma (milhões de anos atrás) que é o limite entre dois ciclos estratigráficos, eventualmente dois ciclos-sequência. Note também, que nos dados sísmicos, uma discordância reconhece-se, facilmente, na parte superior do talude continental, mas que a montante do rebordo continental, a sua identificação depende, principalmente, da presença de vales cavados (incisos).

Adelgaçamento Glaciar................................................................................................................................................................................Glacial Thinning

Amincissement glaciaire / Adelgazamiento glaciar / Glazial Ausdünnung / 冰川变薄 / Ледниковое истончение / Assottigliamento del ghiaccio

Há adelgaçamento glaciar quando, num glaciar, a ablação é superior à acumulação. O adelgaçamento glaciar corresponde ao que muito geocientistas chamam, de maneira errada, recuo do glaciar. Um glaciar é um escoamento de gelo. Ele existe, unicamente, enquanto o gelo se escoa (a acumulação compensa a ablação). Quando a ablação é superior à acumulação, um glaciar ou uma calote de gelo (glaciar de grandes dimensões, mas inferiores à 50 000 km^2 senão é chamado inlandsis ou manto de gelo) não encolhe ; ele continua a escoar-se, mas adelgaça-se.

Ver: " Glaciar "
&
" Glaciação "
&
" Ciclo de Milankovitch "

Actualmente, quase diariamente, se houve dizer na comunicação social que os glaciares e mares de gelo recuam, devido ao aquecimento global antropogénico, isto é, devido ao aumento da temperatura (média) global provocado pelo acrescentamento do teor de dióxido de carbono (CO_2) na atmosfera causado pelo Homem. Como ilustrado nesta figura, a extensão do glaciar do Ródano em 1850 e em 2009 não é a mesma. Isto levou um certo número de pessoas, mais ou menos, responsáveis a falar de recuo dos glaciares para melhor dramatizar as mudanças climáticas induzidas, eventualmente, pelo homem. Contudo, ninguém, nesta região, muito católica (o cantão do Valais na Suíça, onde um dos autores deste tesauro vive), esqueceu que nos anos 50, eram frequentes as missas para pedir a Deus que impeça a progressão dos glaciares, caso contrário, a grande maioria das aldeias do Valais seriam destruídas. Note que em 1850 (fotografia no canto superior direito), a frente do glaciar quase atingia o batimento Casa A, que em 2009 (fotografia central), está quase a 2-3 quilómetros da frente do mesmo glaciar. Muitos geocientistas consideram que os termos avanço e recuo dos glaciares é abusivo (particularmente o termo recuo). Na realidade, um glaciar é um escoamento de gelo e, por conseguinte, só existe enquanto houver escoamento, quer isto dizer, enquanto a acumulação compensar a ablação. Se a ablação for maior que a acumulação, o glaciar não se encolhe. Ele continua a escoa-se costa abaixo, mas adelgaça-se. O que conta não é a extensão costa abaixo de um glaciar, mas a quantidade de gelo que o glaciar contém. A quantidade de gelo pode aumentar (acumulação superior à ablação) sem que a extensão costa a baixo do glaciar aumente, basta para isso que a espessura do glaciar aumente. De mesma maneira, o termo adelgaçamento significa que o volume total do gelo diminuiu (ablação superior a agradação), mesmo se a extensão costa abaixo do glaciar aumentou, como é o caso de certos glaciares alpinos.

Adiabático (processo) .....................................................................................................................................................................................................................................Adiabatic

Adiabatique (processus) / Adiabático / Adiabatische / 絕熱的 / Адиабатический / Adiabatico

Processo no qual nenhum calor é ganho ou perdido por um sistema. Isto quer dizer, por exemplo, que quando um gás ou uma rocha é comprimido em condições adiabáticas, a sua pressão e temperatura aumentam sem ganho ou perda de calor. O arrefecimento adiabático do ar, à medida que ele sobe na atmosfera, é, provavelmente, uma das causas principais da formação das nuvens.

Ver: " Nuvem "
&
" Leis da Termodinâmica "
&
" Escoamento Térmico "

Na termodinâmica um processo adiabático é um processo isocalórico, no qual nenhum calor é transferido ou parte do fluído em causa. Quer isto dizer, que as mudanças adiabáticas da temperatura ocorrem, por exemplo, quando a pressão de um gás varia sem que nenhum calor seja adicionado ou retirado. Da mesma maneira, um aquecimento adiabático ocorre quando a pressão de um gás é aumentada devido ao trabalho de um pistão. Os motores a diesel baseiam-se num aquecimento adiabático durante a compressão, a qual aumenta a temperatura, suficientemente, para que o combustível entre en ignição. Aquecimentos adiabáticos são, também, bem conhecidos na atmosfera terrestre quando, por exemplo, uma massa de ar desce costa abaixo de uma montanha, quer ela seja um vento catatábico (vento que transporta ar mais denso de um ponto topográfico alto para um ponto mais baixo devido a força da gravidade) ou um Foehn (tipo de vento alpino seco que sopra no sotavento do sistema montanhoso dos Alpes, isto é, ao longo da encosta oposta ao lado donde vem o vento. Um vento do tipo "Foehn" é o resíduo de um vento de chuva, que se forma devido ao aquecimento adiabático do ar, que perdeu a maioria da sua humidade nas encostas de barlavento (encostas do lado donde o vento sopra). Por outras palavras, um aquecimento adiabático ocorre sempre que a pressão de massa de ar ou de qualquer outra substância diminui devido ao trabalho que ela exerce. Como se pode deduzir desta figura, um arrefecimento adiabático ocorre na atmosfera terrestre quando uma corrente de ar se desloca de baixo para cima, quer por levantamento orográfico (deslocamento do ar que encontra um obstáculo do relevo que o força a subir) quer por ventos de montanha, o que pode provocar a formação de nuvens se o ar arrefece abaixo da temperatura de formação de orvalho. Nas zonas de subducção do tipo B (Benioff), quando o magma sobe para a superfície, ele sofre um arrefecimento adiabático antes da erupção.

Afélio...........................................................................................................................................................................................................................................................................................Aphelion

Aphélie / Afelio / Aphelion, Aphel / 远日点 / Афелий / Afelio

Ponto da órbita de um planeta ou cometa que está mais afastado do Sol. O afélio é o contrário do periélio. O afélio não deve ser confundido com o apside, que é o nome de cada um dos pontos extremos da órbita de um corpo celeste (planeta ou cometa).

Ver: " Apside "
&
" Periélio "
&
" Teoria Astronómica dos Paleoclimas "

Neste esquema da órbita de um astro, à volta do Sol, o afélio corresponde ao ponto da trajectória orbital mais afastado do Sol, o qual ocupa um dos focos do elipsóide da órbita. A noção de afélio e periélio (ponto da órbita mais próximo do sol) da órbita terrestre é um factor muito importante para a compreensão da moderna climatologia, mas não das variações climáticas do passado (paleoclimatologia). Quando a Terra se encontra no afélio, a insolação (quantidade de energia recebida do Sol) é menor do que quando ela se encontra no periélio. A moderna climatologia, que é baseada num grande número de observações feitas durante um pequeno intervalo de tempo, que, muitas vezes, correspondem a medidas directas das propriedades e características da atmosfera, oceanos e gelo, explica mal as mudanças climáticas (paleoclimatologia). A história da geologia sugere que a temperatura e a quantidade de CO2 na atmosfera variaram de maneira cíclica e que, actualmente, estamos em condições semelhantes aquelas que reinaram à cerca de 300 Ma (Carbonífero e Pérmico): (i) Temperatura global média cerca de 12° C e (ii) teor em CO2 cerca de 300 ppm. O Cretácico parece ter sido o período mais quente com uma temperatura global média de 22° C e um teor em CO2 diminuindo progressivamente de 2300 para 800 ppm (parte por milhão, equivalente de 1 grama por tonelada). As variações actuais da temperatura (depois da era industrial) são insignificantes em relação às variações do passado (Deconinck, 2001). As variações climáticas, que influenciaram a estratigrafia, são hoje bem explicadas pela teoria astronómica dos paleoclimas (teoria de Milankovitch), a qual, actualmente, é aceite por todos os geocientistas. A hipótese de base desta teoria é que a temperatura terrestre depende, principalmente, da quantidade de energia solar captada pela Terra, a qual é controlada pela: (i) Precessão do eixo de rotação da Terra (ciclos de 23 e 19 ka) ; (ii) Obliquidade do eixo de rotação da Terra (ciclo de 41 ka) ; (iii) Excentricidade da elipse da órbita terrestre (ciclos de 100 e 413 Ka) e (iv) Posição da Terra na órbita (ciclo de 1 ano). Obviamente estes três factores têm uma influência significativa nas variações relativas do nível do mar médio, uma vez que eles influenciam a eustasia.

Afloramento............................................................................................................................................................................................................................................................Outcrop

Affleurement / Afloramiento / Aufschluss, Aufschluß / 露出 / Обнажение (породы) / Affioramento

Porção do substrato rochoso (rocha firme) exposta ao ar livre com dimensões, relativamente, pequenas que mostra uma certa um determinada continuidade. Para certos geocientistas, um afloramento tipo corresponde ao campo de visão do observador e nesse sentido, ele corresponde à escala mesoscópica de observação de Wegmann (1935) caracterizada pela continuidade de observação. As escalas de observação geológica são: (i) Microscópica, isto é, a escala do microscópio e (ii) Macroscópica ou escala da descontinuidade (escala das cartas geológicas e dos cortes geológicos, por exemplo) (iii) Mesoscópica, que é caracterizada por uma continuidade de observação como é o caso num afloramento. Neste sentido, a escala de observação de uma linha sísmica é mesoscópica, uma vez que os reflectores se podem seguir, mais ou menos, em continuidade.

Ver: " Corte Geológico "
&
" Mapa Geológico "
&
" Princípio Geológico"

Este afloramento, localizado na área de Samarinda (ilha de Bornéu, Indonésia), formado por turbiditos do Miocénico Inferior, caracteriza bem a escala mesoscópica. Do ponto de vista da deposição, a sucessão turbidítica é constituída por fácies (litologias) imaturas, com depósitos associados a escoamentos de fraca densidade. As fácies e os estudos micropaleontológicos sugerem que estes depósitos turbidíticos se depositaram na parte superior do talude continental e que eles são ricos em matéria orgânica rédepositada. Neste afloramento, os sedimentos foram encurtados e, por isso, levantados por um regime tectónico compressivo, foi possível identifcar: (i) Largos clastos (fragmentos) de carvão nos depósitos coesivos de escoamentos de detritos ; (ii) Clastos angulares de carvão dispersados na parte central dos depósitos dos escoamentos hiperconcentrados ; (iii) Clastos arredondados de carvão flutuando na parte superior dos depósitos dos escoamentos de alta densidade; (iv) Detritos de plantas (partículas revestidas) dispersados em depósitos maciços de escoamentos de alta densidade e (v) Partículas revestidas de resina concentradas em depósitos de escoamentos de baixa densidade. A grande quantidade de clastos de carvão, sugere que estes depósitos turbidíticos, em condições geológicas favoráveis, possam funcionar como rochas-mãe, principalmente, de gás e condensados (rochas-mãe do tipo III dispersivo). Em termos de estratigrafia sequencial (hipótese de P. Vail), estes turbiditos pertencem ao membro médio do cortejo de nível baixo (CNB), isto é, aos cones submarinos do talude (CST) nos quais diferentes sistemas de deposição podem, normalmente, ser individualizados, tais como: (a) Avental ou depósito de base de talude continental ; (b) Diques marginais naturais ; (iii) Argilitos pelágicos de cobertura.

Agradação (acumulação, sobreposição sedimentar) ....................................................................................................................................................Aggradation

Agradação / Agradación / Ablagerung / 沉積 / Аградация (намыв) / Aggradazione

Termo geral que exprime a sedimentação à superfície da Terra. Na estratigrafia sequencial, a agradação descreve, sobretudo, o empilhamento dos intervalos sedimentares depositados durante as subidas relativas do nível do mar, quer eles sejam em aceleração ou em deceleração. A agradação de depósitos profundos, como cones submarinos de talude (CST) e de bacia (CSB) está associada às descidas relativas do nível do mar (discordâncias). A jusante do rebordo continental, o espaço disponível para os sedimentos (lâmina de água) é, largamente, suficiente para haver deposição sem que, necessariamente, haja uma subida relativa do nível do mar. Sinónimo de Acumulação e Deposição.

Ver: " Bisel de Agradação "
&
" Progradação "
&
" Cone Submarino do Talude "

Nesta tentativa de interpretação geológica de uma linha sísmica do Mar do Norte, os sedimentos da bacia cratónica Cenozóica (subsidência térmica regional) fossilizam a discordância, que limita um monte enterrado de uma bacia de tipo-rifte (Mesozóico). Esta discordância (superfície de erosão) foi induzida pela acção combinada da eustasia e tectónica (subsidência ou levantamento), na qual o efeito da eustasia é preponderante. Esta discordância separa a bacia de tipo-rifte da bacia cratónic, foi, localmente, reforçada pela tectónica e transformou-se numa discordância angular (discordância reforçada tectonicamente). No campo e nas linhas sísmicas, como ilustrado acima, uma discordância é sublinhada por uma superfície sísmica definida pelos biséis de agradação (flechas) dos sedimentos suprajacentes (rbacia cratónica) e por biséis somitais ou biséis superiores dos sedimentos subjacentes (bacia de tipo-rifte). Nesta tentativa, provavelmente, os biséis de agradação são marinhos, uma vez que o ambiente sedimentar, na base da bacia cratónica, é de água profunda (a lâmina de água de deposição diminui à medida que a agradação se efectou). Na bacia de tipo-rifte, as terminações dos reflectores, que correspondem, mais ou menos, às interfaces sedimentares (linhas cronoestratigráficas), contra a discordância são biséis superiores (ou somitais) por truncatura. Em geral, nas linhas sísmicas, não há nenhum reflector, que possa ser seguido em continuidade, em associação com uma discordância. Nesta tentativa, o interpretador sublinhou em continuidade a superfície sísmica teórica definida pelas terminações dos reflectores que caracterizam a superfície de erosão que separa a bacia de tipo-rifte da bacia cratónica. Dentro da bacia cratonica, a agradação pode ser calculada (em tempo) pelas terminações dos bisel de agradação. Ela é aqui, pelo menos de. mais ou menos, 2 segundos tempo duplo, o que em profundidade dá, aproximadamente, 2600 metros (para uma velocidade de intervalo de cerca de 2600 m/s.

Agradação Costeira .....................................................................................................................................................................................Coastal Aggradation

Aggradation côtière / Agradación costera / Küsten Verlandung / 沿海沉积 / Береговой намыв / Aggradazione costiera

Componente vertical dos biséis de agradação costeiros. A agradação costeira sublinha as variações relativas do nível do mar. Ela pode ser positiva, quando o nível relativo do mar sobe, ou negativa, quando ele desce. Neste último caso, os biséis de agradação costeira são deslocados para o largo e para baixo, podendo criar condições geológicas de nível baixo do mar. Num ciclo-sequência, salvo para os depósitos turbidíticos (depositados, na hipótese de Vail, durante as descidas relativas do nível do mar), uma agradação costeira positiva é necessária para depositar o cortejo de nível alto (CNA) e o prisma de nível baixo (PNB). Durante o cortejo transgressivo (CT), que é o membro inferior do cortejo de nível alto, a taxa de subida relativa do nível do mar é em aceleração enquanto que durante o depósito do prisma de nível alto (PNA), ela é em desaceleração.

Ver: " Agradação "
&
" Bisel de Agradação "
&
" Cortejo Sedimentar

Uma agradação costeira positiva ocorre durante os episódios transgressivos e regressivos. Um aumento do espaço disponível para os sedimentos (acomodação) é necessário em ambos os casos. Nos episódios transgressivos, a taxa de aumento do espaço disponível é em aceleração, enquanto que nos episódios regressivos, ela é em desaceleração. Os sistemas de deposição turbidítica (cones submarinos de talude, CST, e de bacia, CSB) depositam-se, segundo Vail, durante as descidas relativas do nível do mar (agradação costeira negativa), uma vez que, a jusante do rebordo continental, a lâmina de água é suficiente para permitir deposição. Nesta tentativa de interpretação geológica de uma linha sísmica do Labrador (Canadá), a agradação costeira é visível, quer no episódio transgressivo da margem divergente, que é caracterizado por uma geometria retrogradante, quer no episódio regressivo sobrejacente, o qual é caracterizado por uma geometria progradante. Na curva relativa do nível do mar (eustasia + tectónica) que induz o depósito de um ciclo-sequência, o episódio transgressivo está associado ao segmento à volta do ponto de inflexão da curva (mudança de uma geometria côncava para convexa) e o episódio regressivo à parte convexa. O cortejo de nível baixo (CNB) deposita-se em associação com a parte côncava da curva relativa do nível do mar. Num ciclo-sequência, é errado associar o episódio transgressivo a uma subida relativa do nível do mar e o regressivo a uma descida. Ambos os episódios requerem um aumento do espaço disponível, o que implica uma subida relativa do nível do mar. Como dito acima, o que varia é a taxa de subida relativa do nível do mar.

Agradação Costeira Negativa ....................................................................................................Downward Shift of Coastal Onlap

Aggradation côtière négative / Agradación costera negativa / Küsten Verlandung / 负海岸沉积 / Прибрежные аккумулятивные отрицательные / Aggradazione costiera negativa

Deslocamento para o mar e para baixo dos biséis de agradação costeiros. Um tal deslocamento, que é induzido por uma descida relativa do nível do mar, que pode pôr os biséis de agradação mais baixos do que a ruptura costeira da inclinação da superfície de deposição ou mais baixo do que do rebordo da bacia. É no segundo caso, que a parte superior do talude continental é exumada e que as condições geológicas são de nível baixo. Em condições geológicas de nível alto, quando a bacia não tem plataforma, a ruptura costeira da superfície de deposição e rebordo da bacia são, por vezes, mais ou menos, coincidentes.

Ver: " Agradação "
&
" Discordância "
&
" Superfície de Deposição "

Como ilustrado nesta tentativa de interpretação geológica de uma linha sísmica do offshore da Nova Zelândia, nos intervalos sedimentares progradantes, os biséis de progradação são predominantes. Estes biséis estão associados a subidas relativas do nível do mar em desaceleração (regressões). As reflexões inclinadas para o mar terminam contra reflexões ou superfícies sísmicas sub-horizontais. Uma descida relativa do nível do mar induz um deslocamento para a bacia e para baixo dos biséis de agradação costeiros. Um tal deslocamento sublinha uma discordância, isto é, uma superfície de erosão na plataforma e na planície aluvial que foram exumadas (visível na continuação Oeste desta linha). Esta exumação favorece o depósito dos sistemas turbidíticos, uma vez que o acarreio sedimentar aumenta de maneira significativa e o espaço disponível para os sedimentos diminui. Os depósitos profundos, em particular os cones submarinos de bacia, reconhecem-se, facilmente, no sector Este desta tentativa, debaixo da superfície de base das progradações dos prismas de nível baixo e alto (do mar). Nesta tentativa de interpretação, os intervalos considerados (prismas e cones submarinos) não pertencem, necessariamente, a um ciclo-sequência, mas, provavelmente, a uma sobreposição de ciclos-sequência incompletos, que formam ciclos estratigráficos de hierarquia superior (subciclos de invasão continental) depositados durante ciclos eustáticos de 2a ordem. Se a diferença de idade entre as discordâncias (ou das paraconformidades associadas), que separam os intervalos sísmicos considerados for superior a 3-5 My (milhões de anos), esses intervalos não podem ser interpretados como ciclos-sequência. Por convenção, um ciclo-sequência está associado a um ciclo eustático de 3a ordem, cujo tempo de duração é, em geral, entre 0,5 e 3-5 milhões de anos.

Água de Formação.....................................................................................................................................................................................................Formation water

Eau de formation / Agua de formación / Formation Wasser / 地层水 / Пластовая вода / Acqua di formazione

Água armazenada nos poros de uma rocha, em geral, sedimentar e que não esteve em contacto com a atmosfera desde há muito tempo (tempo geológico). A água de formação ou água intersticial não é, necessariamente, a água que estava presente quando a rocha se depositou, isto é, não é, necessariamente, uma água fóssil.

Ver: « Reservatório (HC) »
&
« Armadilha (petróleo ou gás) »
&
« Água Juvenil »

Quando uma rocha-reservatório com água (existem rochas-reservatório, unicamente, com hidrocarbonetos) tem o máximo de saturação em hidrocarbonetos (percentagem da porosidade ocupada por um fluído), a água de formação, que ocupa o resto da porosidade, chama-se água de saturação irredutível. Como ilustrado neste esquema de uma rocha-reservatório com água e petróleo, a saturação irredutível, que por definição é de água, representa a película da água adsorvida, quer isto dizer, a água que reveste as superfícies, mais ou menos, contínua) dos grãos de quartzo e da água que está à volta dos contactos dos grãos e gargantas dos poros (não esqueça que a adsorção é a aderência de moléculas de gás, iões ou moléculas em solução, às superfícies dos sólidos com os quais elas estão en contacto). A água de saturação irredutível corresponde a uma situação estável. Ela difere da água de saturação residual, a qual pode ser determinada pela análise dos testemunhos de sondagem. A diferença entre a saturação de água irredutível e residual é devida à invasão do filtrado (lama de perfuração) e à expansão do gás associado que ocorre quando o testemunho é retirado do poço para a superfície. A saturação irredutível de um fluído qualquer é o mínimo de saturação que o fluído pode atingir quando ele é deslocado, num meio poroso, por um outro fluído que não é miscível com o primeiro. Uma rocha-reservatório pode ter diferentes molhabilidades (propriedade de uma superfície contínua ser molhada quando em contacto com um líquido, isto é, quando a tensão da superfície do líquido é reduzida de modo a que o líquido se espalha sobre a superfície). Na maior parte das rochas-reservatórios, a água representa a fase molhada (película adesiva sobre os grãos), mas em certas rochas-reservatório, o petróleo pode também constituir a fase molhada. Não esqueça, que durante a produção primária do petróleo, só cerca de 25% do petróleo total é recuperado e, que ao fim da produção secundária (produção assistida), ainda restam cerca de 50% de petróleo no reservatório. O mesmo acontece nos poços de produção de água.

Água Higroscópica..............................................................................................................................................................................................Hygroscopic Water

Eau hygroscopique / Agua higroscópica / Hygroskopische Wasser / 吸湿水 / Гигроскопическая (сконденсировавшаяся) вода / Acqua igroscopica

Água que forma uma fina película à volta das partículas que constituem um solo. Como a água higroscópica está, quimicamente, ligada a partículas do solo, ela não pode ser utilizada pelas plantas. A água num solo pode ser subdividida em três categorias : (i) Água higroscópica ; (ii) Água capilar e (iii) Água gravitária.

Ver: « Água Juvenil »
&
« Água de Formação »
&
« Ciclo Hidrológico »

A água que é retida no espaço entre as partículas sedimentares que constituem um solo, pode chamar-se água não-disponível, uma vez que ela não pode ser, directamente, utilizadas pelas plantas para a sua alimentação. Contudo, esta água não-disponível pode ser subdividida em: (i) Água higroscópica ; (ii) Água capilar e (iii) Água gravitária. A água higroscópica corresponde à película microscópica de água que envolve as partículas que formam um solo. Esta água está, intimamente, ligada às partículas do solo por uma atracção molecular forte e, por isso, ela não pode ser deslocada naturalmente. Na realidade, água higroscópica está ligada às partículas sedimentares por forças adesivas que excedem 31 atm (atmosferas) e que podem, em certos casos, ultrapassa 10 000 atm. A água capilar é a água que é retida por forças coesivas entre os filmes de água higroscópica. A pressão de fixação da água capilar é muito mais pequena do que a pressão de retenção da água higroscópica, o que quer dizer, que a água capilar pode ser deslocada por ar seco ou pela absorção das plantas, mas não pode ser deslocada pela gravidade. As plantas utilizam a água capilar através das suas raízes até que a força capilar do solo (força que retém água às partículas que formam o solo) seja igual à força de extracção das raízes das plantas. A partir deste momento, as plantas não podem mais puxar a água da zona de enraizamento e, por isso, murcham. A água gravitária é a água que pode ser deslocada através de um solo pela força da gravidade. A quantidade de água retida num solo, desde que o excesso de água é drenado, é chamada capacidade de armazenamento de um solo. A quantidade de água de um solo é controlada pela textura do solo. Os solos constituídos, principalmente, por partículas argilosas têm muito mais porosidade (espaço total entre as partículas sedimentares por unidade de volume) do que um solo arenoso, o que quer dizer, que a capacidade de armazenamento de um solo aumenta quando a granulometria diminui.

Água Hipogénica.......................................................................................................................................................................................................................Juvenil water

Eau hypogénique / Agua hipogénica / Juveniles Wasser / 少年水 / Ювенильная вода / Acqua giovanile

Água derivada, directamente, de um magma e que, geralmente, pode ser considerada como uma água que vem pela primeira vez à superfície da Terra. Sinónimo de Água Juvenil.

Ver: « Água Juvenil »
&
« Água de Formação »
&
« Subducção do tipo-B (Benioff) »

A água hipogénica, ou juvenil, sob a forma de vapor, é quase sempre associada às erupções vulcânicas, como testemunha esta fotografia da erupção ao longo das fissuras dos lagos de Grímsvötn (Islândia), em 1998. Por vezes, é muito provável que água venha pela primeira vez à superfície da Terra. Isto é, certamente, verdade, quando a água hipogénica ou juvenil está associada a pontos quentes da astenosfera. Mas, actualmente, quer isto dizer, depois de 4,5 Gy (mil milhões de anos) de história geológica, o mais provável, é que a água seja reciclada da mesma maneira que o são as rochas, isto é, que a água tenha já feito parte da composição da superfície terrestre. Na realidade, as zonas de subducção, quer elas sejam do tipo-B (Benioff) ou A (Ampferer), sugerem, fortemente, uma origem superficial da água hipogénica. Sobretudo, que actualmente, a maior parte dos geocientistas admite que: (i) Toda crusta oceânica paleozóica foi consumida nas zonas de subducção (excepto a pequeníssima fracção que forma os ofiolitos paleozóicos) e (ii) Da crusta oceânica posterior à Pangeia, a maior parte, em particular, a formada durante o Triásico e Jurássico, também já desapareceu nas zonas de subducção do tipo-B (uma pequena quantidade se encontra nas cinturas montanhosa do Meso-Cenozóico sob a forma de ofiolitos mesozóicos). Tudo isto significa, que nas zonas de subducção do tipo-B, as placas litosféricas descendentes (crusta oceânica e sedimentos pelágicos profundos que são ricas em água) transportam a água para as partes mais profundas da zona de subducção onde ela é engolida e assimilada pela astenosfera, ao mesmo tempo, que as rochas formam novos magmas. A continuação desta história geológica é bem conhecida de todos os geocientistas e sobretudo das pessoas que vivem junto dos arcos vulcânicos das placas litosféricas cavalgantes. Os magmas, assim formados, sobem para a superfície terrestre através da placa cavalgante, a maior parte das vezes de maneira catastrófica, onde eles formam toda uma série de rochas efusivas, ao mesmo tempo, que libertam uma grande parte da água que eles contém. É essa água, que a grande maioria dos geocientistas chama água hipogénica ou juvenil.

Água Incrustante..........................................................................................................................................................................................................Incrusting Water

Eau incrustante / Agua incrustante / Inkrustierende Wasser / 水馅 / Вода, осаждающая накипь / Acqua incrostante

Água sobressaturada em carbonato de cálcio e que, por isso, tem tendência a precipitá-lo. Ao contrário das águas incrustantes, as águas agressivas são as que mostram tendência para dissolver CaCO3. As águas em equilíbrio, que não têm tendência para depositar ou dissolver CaCO3, são condicionadas pelos valores do pH, Ca2+ (dureza) e pela concentração de carbonato (alcalinidade).

Ver: « Água Higroscópica »
&
« Água Juvenil »
&
« Ciclo Hidrológico »

Como a água, em geral, é rica em dióxido de carbono (CO2) e em oxigénio (O2), ela pode, facilmente, dissolver minerais como, por a calcite, gesso, dolomite, etc, e, assim, adquirir uma dureza de vários milhares de miligramas por litro e tornar-se incrustante. A dureza total de uma água é, fundamentalmente, induzida pela calcite (cerca de 80%) e pelo magnésio (cerca de 20%). Quando a água não é, suficientemente, dura, ela pode tornar-se corrosiva. As águas corrosivas e incrustantes podem ter consequências desastrosas, visto que elas podem correr ou incrustar oleodutos, por exemplo, e depositar carbonato de cálcio em lugares onde ele é indesejável. Uma água incrustante é caracterizada por: (i) Um pH maior que 7 ; (ii) Um total de Fe superior a 2 ppm (partes por milhão, o que é equivalente a 1 grama por tonelada) ; (iii) Um total de manganésio (Mn) superior a 1 ppm em conjunção com um alto pH e a presença de oxigénio e (iv) Uma dureza total de carbonatos superior a 300 ppm. Por outro lado, uma água corrosiva é caracterizada por: (i) Um pH inferior a 7 ; (ii) Um teor de oxigénio dissolvido superior a 2 ppm ; (iii) Uma quantidade de sulfureto de hidrogénio (H2S) superior a 1ppm ; (iv) Um total de partículas sólidas dissolvida superior a 1000 ppm ; (v) Uma quantidade CO2 dissolvido superior a 50 ppm e (vi) Uma quantidade de cloritos superior a 500 ppm. A água do mar e outras soluções carregadas de sal tendem a escoar-se lentamente ao longo das fracturas e fissuras sem que haja um escoamento de água. O resultado deste fenómeno é a deposição de crostas cristalinas em determinados lugares e em particular nos sistemas de tubagem industriais. Este tipo de deposição ocorre, de preferência, nas áreas onde não há contacto com o ar atmosférico. Como ilustrado, os depósitos de carbonato e estereato de cálcio ocorrem onde a água dura se evapora, mesmo parcialmente. Este tipo de deposição pode iniciar-se como um simples resíduo de uma rápida, mas sua a continuação pode construir espessas incrustações. 

Água Juvenil..........................................................................................................................................................................................................................................Juvenil Water

Eau juvénile / Agua juvenil / Juveniles Wasser / 少年水 / Ювенильная вода / Acqua giovanile

Água derivada, directamente, de um magma e que, em certos casos, pode ter vindo à superfície da Terra pela primeira vez. Sinónimo de Água Hipogénica.

Ver: « Água Hipogénica »
&
« Água de Formação »
&
« Eustasia »

A água (e sobretudo o vapor de água) de uma erupção freática, durante a qual vapor de água, água, cinzas, blocos e bombas são expelidos de um vulcão é, por vezes, erroneamente, considerada como água juvenil. Na realidade, ela é, na maior parte das vezes, uma água subterrânea, que foi, suficientemente, aquecida pelo magma e, assim, transformada em vapor antes de ser expelida. Note que em português, a expressão freática refere-se ao lençol de água subterrânea existente perto da superfície e, que pode ser aproveitado e utilizado por meio de poços de extracção. Tendo em conta os comentários feitos para a água hipogénica, é importante não esquecer que a quantidade de água sob todas as suas formas é admita, pela grande maioria dos geocientistas, como sendo constante desde o início da formação da Terra, isto é, desde há cerca de 4,5 Ga (mil milhões de anos). Com efeito, se esta conjectura não for verdadeira, a estratigrafia sequencial não teria sentido, visto que ela admite, como hipótese de base, que a ciclicidade, quer no campo quer nos dados sísmicos e diagrafias eléctricas, observada nos depósitos sedimentares, é controlada e induzida não só pelas variações eustáticas (eustatismo), mas e, sobretudo, pelas variações relativas do nível do mar (acção combinada da eustasia e tectónica). Por outras palavras, quando o volume das bacias oceânicas aumenta ou diminui, função da tectónica das placas, só se pode dizer que o nível eustático (nível do mar global medido em relação ao centro da Terra) desce ou sobe se a quantidade de água for considerada constante desde o início da formação da Terra. Da mesma maneira, durante uma glaciação (global) o nível eustático desce unicamente se a quantidade de água sob todas as suas formas for considerada constante. As variações do nível do mar induzidas pelas variações de volume das bacias oceânicas controlam os ciclos eustáticos de 1a e 2aordem, os quais induzem os ciclos estratigráficos de invasão continental e os subciclos de invasão continental. As variações do nível do mar induzidas pelas variações da subsidência (tectónica) e volume do gelo (glacioeustasia) controlam os ciclos eustáticos de 3a, 4ae 5aordem e assim os ciclos estratigráficos ditos ciclos-sequência e paraciclos-sequência.

Albedo...........................................................................................................................................................................................................................................................................................Albedo

Albédo / Albedo / Albedo / 反照率 /Альбедо (коэффициент отражательной способности) / Albedo

Razão entre a quantidade de energia electromagnética reflectida por uma superfície e a quantidade de energia incidente. No caso particular da energia solar recebida pela Terra, o albedo é a razão entre a energia solar reflectida e a recebida pela superfície terrestre. O albedo varia de 0 à 1. Ele é zero para uma superfície terrestre muito negra e 1 para uma superfície terrestre ideal de tipo espelho.

Ver : " Ciclo de Milankovitch"
&
" Precessão dos Equinócios "
&
" Retroacção "

Esta carta representa as medidas do albedo, isto é, a razão entre a energia solar reflectida e recebida pela Terra, feita a partir do Modis, que foi colocado a bordo do satélite da NASA “Terra and Aqua”. As zonas oceânicas foram excluídas e nas áreas em branco (Antárctica e norte da Gronelândia) não há dados suficientes. As tonalidades avermelhadas correspondem aos valores do albedo entre 0,0 e 0,4. Quando mais pequeno é o albedo mais claros são os tons vermelhos. Como se pode constatar, as áreas cobertas pela neve e as zonas desérticas têm um albedo muito mais importante do que as regiões florestais, uma vez, que elas reflectem muito mais a energia recebida do sol. As zonas com forte albedo, têm uma retroacção positiva, que deve ser tomada em linha de conta nos problemas do chamado "aquecimento global". Na realidade, quanto mais gelo (ou neve) existir à superfície da Terra, mais energia solar é reflectida para a atmosfera, o que provoca um arrefecimento, que, por sua vez, induz mais nevadas, as quais aumentam as áreas cobertas de neve, o que aumenta o albedo, que, por sua vez, diminui a temperatura e assim de seguida. Isto é o que acontece durante os períodos glaciares. Ao contrário, durante os períodos interglaciares, uma diminuição da superfície terrestre coberta pela neve e gelo provoca um aumento da temperatura que, por sua vez, diminui as nevadas, o que diminui o albedo provocando assim um aumento da temperatura e assim de seguida. Por conseguinte, quando um dos factores, que controlam a insolação (ver Teoria Astronómica dos Paleoclimas) ou um deslocamento dos continentes para a proximidade dos pólos (Tectónica das Placas), produz um arrefecimento global, o mecanismo de retroacção positiva começa a funcionar. Não esqueça que a superfície da Terra reflecte em média cerca de 30% da luz recebida do Sol, mas que este valor varia de cerca de 8% (áreas de cultura) a 90% (neve fresca) e que certas nuvens espessas (eg., cúmulus) podem reflectir 80% da luz antes que esta atinja a Terra.

Álbico (horizonte) ......................................................................................................................................................................................................................................................................Albic

Albique / Álbico / Albic / 白浆 / Альбский (горизонт) / Albico

Horizonte de um solo com uma cor clara, no qual a argila e os óxidos de ferro (livres) foram removidos, ou no qual os óxidos foram separados. A cor clara do horizonte é determinada pela cor das partículas de areia e silte que o formam e não pela cor dos revestimentos dessas partículas. Em geral, os limites de um horizonte álbico, o qual é pouco estruturado, são muito bem marcados.

Ver: " Solo "
&
" Solifluxão "
&

" Permafroste "

Como dito acima, um horizonte álbico de um solo (mistura de fragmentos minerais, matéria orgânica, ar e água que forma a superfície da terra de muitas regiões e que suporta o crescimento das plantas) é um horizonte, mais ou menos, branco com pouco ou nenhuma argila e óxidos de ferro nas partículas de areia. Lembremos que os principais horizontes que se podem distinguir num solo são: (i) Horizonte O, com uma espessura média de, mais ou menos, 5 cm ; (ii) Horizonte B, cuja espessura média é cerca de 25 cm ; (iii) Horizonte B, cuja espessura média é cerca de 80 cm e (iv) Horizonte C, que, em geral, têm um espessura média de, mais ou menos, 120 cm. O horizonte O tem mais de 20-30% de matéria orgânica, uma cor escura e está, muitas vezes, saturado de água durante longos períodos de tempo. O horizonte A, que está, imediatamente, debaixo do horizonte O, é caracterizado por uma obliteração significativa da estrutura rochosa original, por uma acumulação húmica de matéria orgânica que está, intimamente, misturada com a fracção mineral, e pelas propriedades resultantes da agricultura e pastoreio. O horizonte B é caracterizado por uma obliteração total da textura original rochosa e apresenta um ou mais das eventos seguintes: (i) Concentração iluvial ; (ii) Remoção de carbonatos ; (iii) Concentração residual de sesquióxidos (óxidos contendo três átomos de oxigénio com dois átomos radicais ou de outro elemento) ; (iv) Revestimentos de sesquióxidos ; (v) Alterações minerais e (vi) Perda de resistência. O horizonte C, por vezes chamado rególito, é pouco afectado pelos processos pedológicos. Ele não tem nenhuma das propriedades dos outros horizontes. É um horizonte mineral, que pode ter sido modificado, mesmo se, em geral, não apresenta nenhuma evidência de pedogénese. O horizonte álbico, também chamado horizonte E, é um horizonte de cor clara e lexiviado, que se forma, sobretudo nas áreas florestais. Ele localiza-se debaixo do horizonte O ou no horizonte A, sempre por cima do horizonte B.

Alcatrão (Breu, Pez, Piche)................................................................................................................................................................................................................................................Tar

Tar (breu, poix de Judée, goudron)/ Alquitrán, Brea / Tar (Teer) / 的tar (焦油) / Гудрон (дёготь) / Tar (catrame)

Substância muito viscosa e escura, acre, mais ou menos, líquida, proveniente da destilação do carvão, petróleo ou da resina. Geralmente, sinónimo de Breu, Pez e Piche.

Ver: « Hidrocarboneto »
&
« Petróleo »
&
« Pez »

O alcatrão é muitas vezes confundido com o betume de origem petrolífera. Esta confusão é devida à invenção do macadame, que, no passado, era utilizado para revestir as estradas e, que era fabricado a partir do alcatrão. Actualmente, o alcatrão não é mais empregue para melhorar a resistência do pavimento aos hidrocarbonetos, uma vez que o betume de origem petrolífera é solúvel nos hidrocarbonetos. Os termos alcatrão, breu, pez e piche, embora, por vezes, considerados como sinónimos, são, em certos, utilizadosna base para descrever coisas muito diferentes. Em inglês, o termo “tar” engloba os quatros termos portugueses, cujas definições, em particular breu, pez e piche, são mais literárias do que científicas. Todos estes termos, são produtos, directa ou indirectamente associados, a rochas sedimentares ricas em matéria orgânica, isto é, a rochas-mãe potenciais, que podem ser marinhas ou não-marinhas. As rochas-mãe não-marinhas (lacustres e deltaicas) depositam-se sobretudo nas bacia sedimentares do tipo-rifte e na base das margens continentais divergentes. A matéria orgânica das rochas-mãe lacustres é do tipo I, enquanto a das deltaicas é, principalmente, do tipo III, com uma especial referência ao carvão. As rochas marinhas ricas em matéria orgânica (tipo II) depositam-se de preferência nos cortejos sedimentares transgressivos (CT) do ciclo-sequência, o qual é induzido por um ciclo eustático de 3a ordem (caracterizado por ter um tempo de duração entre 0,5 e 3-5 My). O mecanismo de formação deste tipo de matéria orgânica é bem conhecido dos geocientistas: (i) A primeira superfície transgressiva de um ciclo-sequência diferencia a ruptura costeira da inclinação da superfície de deposição do rebordo continental e desloca-a para o continente criando uma pequena plataforma continental ; (ii) Durante o cortejo transgressivo (CT), as sucessivas subidas relativas do nível do mar acentuam o deslocamento da ruptura costeira da superfície de deposição para o continente, aumentando a extensão da plataforma, criando assim, na parte distal, condições geológicas com uma fraca taxa de sedimentação, as quais favorecem a formação (fauna abundante) e preservação (fraco teor em oxigénio) da matéria orgânica, sobretudo quando uma corrente marinha ascendente fria e rica en nutrientes é presente.

Alga ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................Algae

Algue /Alga / Alge / 藻类 / Водоросли / Alga /

Organismo que pode pertencer a diferentes grupos de seres vivos. Tradicionalmente, uma alga era considerada como uma planta simples e, por vezes, relacionada com plantas superiores. Actualmente, as algas são um grande e diversificado grupo parafilético (táxon que inclui um grupo de descendentes de um ancestral comum em que estão incluídos vários descendentes, mas não todos eles) de organismos autotróficos simples, que vão desde formas unicelulares a multicelulares.

Ver: " Alga Castanha "
&
" Fotossíntese "
&
" Autotrófico (organismo) "

As algas formam um conjunto multifilético. Os seus membros estão dispersos entre distintos grupos de parentesco. Entre eles podemos considerar: (i) Procariotas - nos quais só um grupo é considerado como algas ; são as cianobactérias, que, tradicionalmente, são chamadas algas verdes-azuis, que é o que significa, literalmente, o seu antigo nome sistemático cianofíceas (em contraste com as feofíceas ou algas castanhas) ; alguns dos outros grupos de procariontes (que realizam formas de fotossíntese não oxigénicas) não são consideradas como algas, mas sim como bactérias ; (ii) Eucariotas - muitos grupos de eucariotas, todos pertencentes ao reino Protista, são considerados como algas: Na maioria dos casos os eucariotas pertencem ao mesmo clado ou ao  mesmo ramo evolutivo com formas heterotróficas, que tradicionalmente têm sido descritas como protozoários ou como falsos cogumelos. Entre elas podemos citar: a) Euglenofíticos- formas unicelulares de água doce dotadas de plastos verdes, aparentadas com os cinetoplásticos (grupo que inclui tanto as forma unicelulares heteotróficas dos mesmos ambientes, como as protistas que produzem a doença do sono) ; b) Dinoflagelados- protistas unicelulares, que na sua maioria têm plastos de cores diferentes, derivados por endosimbiose de outras algas unicelulares ; c) Cromófitos- clado de protistas muito heterogéneo que inclui entre os seus membros alguns dos mais importantes fotossintetizadores aquáticos ; d) Haptótifos- unicelulares cujas escamas carbonatadas contribuem de maneira importante à sedimentação oceânica ; e) Criptófitos- formas unicelulares flageladas de águas frias, sobretudo marinhas ; f) Glaucófitos- protistas unicelulares de água doce que se caracterizam por conterem cianelas que são plastos (células específicas do citoplasma) com características típicas das cianobactérias ; g) Rodófitos- algas vermelhas e g) Clorófitos- algas verdes.

Alga Castanha (feofícea)...........................................................................................................................................................................................................Brown Algae

Algue castanha / Alga castaña / Braunalgen / 褐藻 / Бурые водоросли / Alga marrone /

Um dos constituintes do grande grupo de algas marinhas, principalmente multicelulares, que engloba as grandes algas das águas mais frias do Hemisfério Norte. Existem cerca de 1500-2000 espécies de algas castanhas, algumas das quais têm uma grande importância comercial, como, por exemplo, o Ascophyllum nodosum.

Ver: " Alga "
&
" Matéria Orgânica (tipos) "
&
" Alga Verde-Azul (Cianobactéria) "

As algas castanhas são um ramo importante das algas, que pertencem ao grande grupo das heterocontas, quer isto dizer, um grupo de organismos eucariotas que se caracteriza, principalmente, por terem cloroplastos (células específicas do citoplasma que conduzem a fotossíntese, uma vez que elas contém clorofila( a) e clorofila (c) envolvidos por quatro membranas. Isto faz pensar que o grupo dos heterocontas tem uma origem simbiótica entre um eucariota primitivo e um outro organismo eucariota. Muitas das algas castanhas contém um pigmento chamado ficoxantina, o qual é responsável pela característica cor castanha que a maior parte das algas castanha tem. As algas castanhas são as únicas, entre os heterocontas, que originam formas multicelulares com tecidos diferenciados, que se reproduzem por esporos flagelados e gametas (célula que fusiona com outra célula, durante a fertilização, em organismos com reprodução sexual), que se assemelham a outras células heterocontas. As algas castanhas ou feofíceas derivaram das Feotamniofíceas (espécie das Chrisofíceas) entre 150 e 200 milhões de anos atrás. Certos geocientistas pensam que os primeiros fósseis (Ediacaria) eram algas castanhas que desaparecem com o tempo. As linhagens das algas castanhas, da mais antiga à mais moderna, são: (i) Dictyotales ; (ii) Esferacelariales ; (iii) Cutleriales ; (iv) Desmarestiales ; (v) Ectocarpales ; (vi) Laminarales e (vii) Fucales. Devido a moleza do seu corpo, os fósseis das algas castanhas são raros, uma vez que só poucas espécies depositam sais minerais à volta da parede das suas células. Não esqueça que as dimensões das algas variam muito, desde o vareque ou sargaço (algas multicelulares), que podem atingir dimensões significativas, até às diatomácias unicelulares, que são os principais componentes do plâncton. Algumas das algas, como certas Estramenopilas incluem as Oomicetas, que, geralmente, são parasitas (Ftoftora, que ataca as batatas e Pithium que ataca as raízes das plantas), podem ser perigosas.

Alga Verde-Azul (cianobactéria) .........................................................................................................................................................................Green Blue Algae

Algue bleu- verte / Alga verde-azul / Green-Blaualgen / 蓝绿色藻类 / Сине-зелёные водоросли (цианобактерии) / Alga verde - azzurro /

Bactéria aquática e fotossintética, o que quer isto dizer, que ela vive na água e pode produzir a sua própria alimentação. Como as algas verdes-azuis são bactérias, elas são, relativamente, pequenas e, normalmente, unicelulares, embora possam crescer em colónias que podem ser vistas a olho nu. As cianobactérias são conhecidas (pelos seus fósseis) desde há cerca de 3,5 Ga. As cianobactérias são um dos maiores e mais importantes grupos de bactérias presentes na Terra.

Ver: " Alga "
&
" Fotossíntese "
&
" Plâncton "

As algas verdes-azuis ou cianobactérias, como certos geocientistas lhes chamam pertencem a um filo de bactérias que obtém a sua energia por fotossíntese (conversão do dióxido de carbono, em componentes orgânicos a partir de energia da luz do sol). Como o seu nome sugere a cor destas algas é azul. Estas algas, que são um componente importante do ciclo marinho do azot, são produtores primários em muitas áreas do oceano, embora se encontrem também ambientes em outros que marinhos como ilustrado nesta fotografia. As cianobactérias podem, igualmente, encontrar-se em ambientes de água doce, lagos hipersalinos e em ambientes áridos, onde elas são os principais componentes das crostas biológica dos solos. Estromatólitos (estruturas de acreção, mais ou menos, laminares formadas em água pouco profunda, pelo armazenamento e cimentação dos grãos sedimentares por microfilmes de microorganismos) de cianobactérias encontram-se em formações geológica muito antigas que certos geocientistas consideram mais velhas que 3,5 Ga. As cianobactérias podem ser perigosas, uma vez que elas são tóxicas, para o homem e outros animais, mas também porque elas criam zonas de morte. Com efeito, à medida que estas bactérias se multiplicam, elas formam um espesso tapete (como o visível nesta fotografia), que bloqueia a luz do sol, impedindo parcial ou totalmente a fotossíntese. Por outro lado, elas podem consumir a maior parte do oxigénio existente na água, o que cria uma zona morta ou depletada, onde outras plantas e animais não podem sobreviver. Um tal desenvolvimento das cianobactérias afecta-as igualmente, uma vez que, unicamente, a parte superior do tapete recebe luz suficiente, o que quer dizer, que as cianobactérias dos níveis inferiores morrem e libertam toxinas na água, o que causa problemas importantes para o homem e outros animais, como é o caso no Lago Atilán no Guatemala.

Alocíclico (processo)............................................................................................................................................................................................................................................Allocyclic

Allocyclique / Alocíclico / Allocyclic / Allocyclic / Аллоциклический / Alociclico

Processo de deposição cíclico resultante das mudanças do regime energético ou acarreio terrígeno num sistema deposição. Um tal processo implica mecanismos de levantamento, subsidência, variações climáticas, variações relativas do nível do mar, etc.

Ver: " Deposição (carbonatos) "
&
" Ciclo de Milankovitch "
&
" Variação Relativa (do nível do mar) "

A fotografia do canto superior esquerdo desta figura representa um afloramento dos calcários oligo-miocénicos da formação de Abrakurrie (sul da Austrália), nos quais vários ciclos de sedimentação, associados ao nível de acção das vagas, são bem visíveis. O nível da acção das vagas, quer isto dizer, a profundidade da acção erosiva das ondas do mar, que varia em função do estado do mar (mar calmo, agitado ou muito agitado), é dependente do contexto geológico da bacia e das variações relativas do nível do mar. Os processos alocíclicos ocorrem, principalmente, em condições geológicas de alto nível do mar, quando o nível do mar está mais alto do que o rebordo da bacia (não confundir com rebordo continental), e particularmente (como ilustrado), durante o depósito do cortejo transgressivo dos ciclos sequências. Na realidade, num ciclo-sequência, a quando da primeira inundação marinha (quando pela primeira vez o nível do mar cobre o rebordo da bacia e cria uma plataforma continental), a linha da costa desloca-se em direcção do continente, o que cria na parte distal da plataforma condições geológica de fraca taxa de sedimentação, o que induz o depósito de uma secção estratigráfica condensada (superfícies endurecida). Contudo, devido: (i) Ao aumento do espaço disponível para os sedimentos ; (ii) À estabilidade relativa do nível do mar, que segue a subida relativa e (iii) Ao acarreio sedimentar ou à formação de material carbonatado, a linha da costa vai deslocar-se, pouco a pouco, para o mar à medida que os sedimentos se depositam, até que uma nova subida relativa do mar ocorra. Esta subida relativa, vai deslocar, de novo, a linha da costa para o continente, aumentar o espaço disponível (acomodação) e criar na parte distal da plataforma, outra vez, condições de bacia subalimentada o que induz o depósito de uma nova secção estratigráfica, terminando assim o primeiro processo sedimentar alocíclico transgressivo. Um novo ciclo começa com o deslocamento da linha da costa para o mar, à medida que os sedimentos progradantes se depositam durante o novo período de estabilidade e a história repete-se.

Alóctono.......................................................................................................................................................................................................................Allochthone, Allothigenous

Allochtone / Alóctono / Allochthon / Allochtone / Аллохтон / Allocthono

Material ou objecto que não se formou ou que não foi criado no lugar onde se encontra.

Ver: " Autóctono "
&
" Halocinése "
&
" Subsidência Compensatória "

Nesta tentativa de interpretação geológica de uma linha sísmica do offshore profundo do Golfo do México (EUA), é fácil distinguir o sal alóctono do sal autóctono. O sal autóctono, embora se tenha escoado lateralmente, está na posição estratigráfica original de deposição, enquanto que o sal alóctono não. Os dois horizontes salíferos comunicam por uma estrutura salífera vertical, mas, muitos vezes, eles estão separados por cicatrizes salíferas, mais ou menos, verticais. Pode haver várias ordens de alóctonia. Em determinadas bacias, existem domas salíferos de secunda e terceira geração, quer isto dizer, domas salíferos enraizados num primeiro nível salífero alóctono (nível de 1a ordem) o que é o caso de um doma de 2a geração, ou de um nível salífero alóctone de 2a ordem (enraizado num nível salífero alóctono de 1a ordem), no caso de um doma salífero de 3a geração. Nesta tentativa de interpretação, a estrutura salífera que deformou, ligeiramente, o fundo do mar pode ser considerada, quer como um doma salífero de 1a ordem, uma vez que ela está enraizada no nível de sal autóctono, quer como um nível de sal alóctono. De qualquer maneira, desde que a parte superior de um doma de 1a ordem se escoa, lateralmente, formando uma protuberância salífera, como é o caso nesta interpretação, o sal não está mais na sua posição estratigráfica original e tem que ser considerado como um nível de sal alóctono. Uma discordância, localmente, reforçada pela tectónica, separa os dois intervalos estratigráficos pós-salíferos: (i) O intervalo superior foi afectado, localmente, por um regime tectónico extensivo (diapirismo) criado pelo escoamento vertical do sal ; (ii) O intervalo inferior foi deformado por um regime compressivo criado em resposta à extensão que ocorreu a montante (offshore convencional e continente). O encurtamento fez-se por dobras cilíndricas e falhas inversas, enquanto que o alongamento dos sedimentos suprajacentes ao doma salífero se fez por falhas normais. As falhas normais não estão representadas nesta tentativa de interpretação, uma vez que o deslocamento vertical dos blocos falhados é inferior à resolução sísmica, que nesta linha é cerca de 40-50 metros. Note que a base do intervalo salífero, é, em profundidade, mais ou menos, horizontal e que o levantamento observado na base do sal corresponde a um artefacto sísmico.

Alógeno (rio)....................................................................................................................................................................................................................................................................Allogene

Allogène / Alógeno / Nicht bodenständig / 同种异体 / Аллоген / Allogenico (fiume)

Rio ou corrente de água desuperfície que se escoa sobre um terreno carsificado, mas que é alimentado por uma fonte proveniente de um terreno não carsificado

Ver: " Carso "
&
" Perda, Sumidouro "
&
" Ressurgência (da corrente)"

Muitos geocientistas consideram que o termo alógeno é sinónimo de alóctone e de aloctígeno, e que todos eles designam materiais que não tiveram origem no lugar onde se encontram. Contudo, na estratigrafia sequencial, por tradição ou por hábito, o termo alóctono é mais, frequentemente, utilizado para designar rochas. Assim, fala-se de sal alóctone em oposição ao sal autóctone. O sal alóctone não está na sua posição estratigráfica original, enquanto que o sal autóctone está. O termo aloctígeno é utilizado, de preferência, para minerais e partículas sedimentares. Assim, por exemplo, diz-se, que as camadas turbidíticas são, principalmente, constituída por sedimentos aloctígenos e que, por isso, os fósseis que elas contém, sendo transportados, não permitem uma boa datação e, muito menos, uma determinação do ambiente sedimentar onde elas se depositaram. É interessante notar sobre este assunto, que as rochas-reservatório do famoso campo petrolífero de gás de Frigg (Mar do Norte) foram, durante os primeiros anos, consideradas como rochas deltaicas, até que alguns geocientistas realizam que todos os fósseis nos quais uma tal interpretação era baseada, eram transportados. Assim, o aparelho deltaico de Frigg transformou-se, de um dia para o outro, numa sobreposição de cones submarinos de bacia, isto é, num sistema turbidítico profundo. O termo alógeno é sobretudo utilizado para designar as correntes superficiais de água que têm uma origem distante do ambiente onde elas se encontram. Ele é, frequentemente, utilizado nas regiões de carsificadas, para designar as correntes que atravessam ou que têm um sumidouro (desaparecimento num subsolo cársico de um curso de água superficial) na zona cársica, mas cuja fonte é localizada noutra bacia hidrográfica. Como ilustrado nesta figura (Guangxi, Zhuangzu, China) o rio que atravessa a zona carsificada tem a sua origem noutra bacia sedimentar localizada a centenas de quilómetros ao norte. Por isso, ele pode ser considerado como um rio alógeno. Da mesma maneira, a maior parte dos rios subterrâneos que circulam nas condutas cársicas são correntes alógenas, embora muitos deles tenham uma ressurgência (nascente cársica, alimentada, pelo menos, parcialmente, por perdas de correntes superficiais alógenas) na zona carsificada.

Aloquímico (carbonatos)..............................................................................................................................................................................................................................Allochem

Allochème / Aloquímico / Allochem / Allochem(碳酸盐)/ Аллогенная / Allochem (carbonati)/

Termo introduzido por Folk, em 1959, principalmente, para descrever os grãos que podem reconhecer-se nas rochas carbonatadas. Actualmente, o termo aloquímico, é utilizado, de uma maneira mais geral, e para designar uma ou várias variedades dos grandes agregados carbonatados, mais ou menos, organizados, que formam a estrutura granular da maioria dos carbonatos depositados mecanicamente. Os aloquímicos, que contrastam com o material intersticial, como, por exemplo, a calcite de um cimento calcário ou matriz, englobam intraclastos, oólitos, fragmentos de fósseis, etc.

Ver: " Diagénese "
&
" Calcite "
&
" Dolomitização "

Nesta lâmina delgada, os aloquímicos originais (oóides, isto é, partículas esféricas de diâmetro inferior a 2 mm, semelhantes a ovas de peixe, que resultam da precipitação de camadas concêntricas de CaCO_3 à volta de um núcleo) são, ainda, perfeitamente, visíveis. A dolomitização da calcite é parcial. Neste processo de diagénese, os oóides foram, parcialmente, substituídos por euhedros de dolomite. Actualmente, e de uma maneira geral, qualquer fragmento maior do que 1/2 mm pode ser considerado como um aloquímico. Oóides, pelóides (húmus e minerais formados durante muitos anos por processos geológicos, biológicos químicos e físicos), fósseis e fragmentos carbonatados pré-existentes são os aloquímicos mais comuns. Também são considerados aloquímicos todos os fragmentos que sofreram transformações químicas. Da mesma maneira, quando as conchas de aragonite são dissolvidas e substituídas por calcite, pode dizer-se, que elas são um aloquímico, pois distinguem-se sempre da matriz em que se encontram, quer esta ela seja uma micrite (lama calcária) ou uma esparite (calcite intersticial cristalina). Certos geocientistas consideram os aloquímicos como precipitados de uma solução dentro da bacia de deposição devido, principalmente, à actividade biológica, ou que foram transportados como sólidos para a bacia. Assim, o resto do esqueleto de certos organismos (conchas inteiras ou partida) ou qualquer outra parte dura de uma planta ou animal, oólitos (ou oóides), pelotas (pequenas pélas ou bolas) fecais, grãos de areia, etc., podem ser considerados como aloquímicos.

Alostratigrafia..........................................................................................................................................................................................................................Allostratigraphy

Allostratigraphie / Aloestratigrafia / Allostratigraphy / Allostratigraphy / Аллостратиграфия / Allostratigrafia

Estudo das rochas sedimentares definidas e identificadas a partir das descontinuidades que as limitam e que podem ser cartografadas. A alostratigrafia permite a cartografia das rochas sedimentares na base do tempo de deposição. Praticamente, sinónimo de Estratigrafia Sequencial.

Ver: " Estratigrafia Sequencial "
&
" Discordância "
&
" Cortejo Sedimentar "

Nesta figura estão representadas duas tentativas de interpretações geológica de um corte geológico. A tentativa superior é alostratigráfica, uma vez que ela é baseada nas discordâncias e na biostratigrafia. Isto quer dizer que os diferentes pacotes sedimentares foram individualizados pelas superfícies de erosão que os delimitam. Evidentemente, que essas superfícies de erosão foram criadas por descidas relativas do nível do mar que deslocaram para a bacia e para baixo os biséis de agradação costeiros. Depois, cada uma dessas superfícies de erosão, que os geocientistas chamam discordâncias, foi datada, uma vez que elas correspondem a linhas tempo (em termos geológicos) pela biostratigrafia, isto é, pelos fósseis encontrados em cada um dos diferentes pacotes sedimentares. Neste caso particular, o geocientista também cartografou, dentro de cada pacote sedimentar, os diferentes sistemas de deposição, quer isto dizer, as diferentes fácies ou litologias. A tentativa de interpretação inferior não é em tempo, mas sim em fácies. O interpretador limitou-se a identificar e cartografar as diferentes litologias (fácies), que de montante para jusante correspondem, provavelmente, a: (i) Areias grosseiras e, mesmo, calhaus ; (ii) Siltitos e argilas ; (iii) Areias finas e (iv) Argilas (profundos ou deltaicas função da escala vertical). A tentativa superior é a mais exaustiva, uma vez que o interpretador não só pôs em evidência as litologias, mas também as linhas tempo principais (discordâncias) que individualizam os diferentes pacotes sedimentares, explicando assim a ciclicidade dos depósitos, o que não é o caso da interpretação, puramente, litostratigráfica. Para determinar a idade das discordâncias, o interpretador teve que reconhecer dentro de cada pacote os cortejos sedimentares e, em particular, os cones submarinos da bacia. Não esqueça que a idade de uma discordância corresponde à idade da descida relativa do nível do mar, à qual corresponde à idade do hiato (sem deposição) mais pequeno, isto é, à idade dos cones submarinos de bacia depositados durante a descida relativa do nível do mar.

Alotropia........................................................................................................................................................................................................................................................................Allotropy

Allotropie / Alotropia / Allotropie / 同素异形体 / Аллотропия / Allotropia

Existência de um elemento em duas ou mais formas no mesmo estado (sólido, líquido ou gás). As propriedades físicas das forma alotrópicas (cor, forma cristalina se sólido, densidade, etc.) podem diferir muito, mas compostos químicos idênticos podem formar-se a partir diferentes formas. A alotropia na qual várias formas são estáveis, em condições diferentes, e reversivelmente interconversíveis a determinadas temperaturas e pressões, é chamada enantiotropia. Exemplos típicos de alotropia são, por exemplo, o diamante / grafite ou o oxigénio / ozono.

Ver: " Isótopo "
&
" Carbono "
&
" Fissão Nuclear "

Existem três tipos de alotropia: (i) Enantiotropia ; (ii) Monotropia e (iii) Alotropia Dinâmica. Como exemplo de enantiotropia pode citar-se o enxofre, que no estado sólido, tem em duas forma cristalinas alotrópica: ortorrômbica e monoclínica. A forma ortorrômbica é estável a uma temperatura inferior a 95,5° C. Abaixo desta temperatura, a forma monoclínica transforma-se em ortorrômbica. A forma monoclínica é estável entre 95,5° Ce 119,25° C (temperatura de fusão). Toda a forma ortorrômbica se converterá em monoclínica entre estas temperaturas. Ao contrário de uma enantiotropia, onde todas formas alotrópicas são estáveis a temperaturas diferentes, numa monotropia só uma forma é estável a temperaturas normais. Como exemplo de monotropia pode citar-se carbono. Contrariamente ao que se pode pensar à primeira vista, a única forma alotrópica sólida estável do carbono é a grafite. O diamante se converte em grafite a todas temperatura, o que pode parecer estranho, visto que o diamante não só tem uma resistência aos ataques químicos muito maior, mas também uma estrutura molecular muito mais forte. Por isso, a conversão do diamante em grafite é muito lenta. Na alotropia dinâmica, duas formas alotrópicas existem em equilíbrio. Contudo, a proporção das duas formas que estão em equilíbrio uma com a outra varia com a temperatura. Como exemplo deste tipo de alotropia podem citar-se as duas formas líquidas do enxofre, nas quais a conversão de uma forma para a outra é acompanhada por uma mudança de cor e viscosidade (resistência ao escoamento). Com efeito, o enxofre quando é aquecido acima da temperatura de fusão, o líquido amarelado resultante torna-se, progressivamente, escuro e mais viscoso até 180° C. Depois, ele torna-se quase preto e cada vez menos viscoso.

Alteração, Meteorização (rochas).......................................................................................................................................................................................................Weathering

Altération / Alteración, Meteorización / Verwitterung, Zersetzung / 风化 / Выветривание (эрозия) / Alterazione

Decomposição das rochas da superfície terrestre, solos e minerais por contacto directo com a atmosfera. A alteração ou meteorização ocorre in situ, sem movimento, enquanto que a erosão implica movimento das rochas e minerais pelos agentes de erosão, como, a água, vento, gelo e gravidade.

Ver: " Erosão "
&
" Desagregação (rochas) "
&
" Atmosfera "

Embora a alteração facilite a erosão, é bom não confundir estes dois processos geológicos. A erosão implica um transporte por qualquer dos agentes erosivos (água, gelo, vento), enquanto que a alteração não. A alteração é uma simples decomposição e ruptura das rochas na superfície da Terra por processos naturais químicos e mecânicos. A alteração é controlada pelo tempo (estado da atmosfera) e clima. Como estes ocorrem à superfície da Terra, a alteração diminui de intensidade em profundidade, embora a maior parte dela ocorra a menos de um metro de profundidade do solo e rochas. Não confunda clima, que engloba as estatísticas da temperatura, humidade, pressão atmosférica, vento, chuva, e outros elementos meteorológicos de uma determinada região durante longos períodos, e tempo que é a condição desses mesmos elementos para períodos inferiores a 1 semana. A alteração pode ser física ou química. A alteração física corresponde, sobretudo, à desintegração das rochas por forças mecânicas concentradas ao longo das fracturas, diaclases e falhas, ou pela separação das rochas em envelopes, mais ou menos, concêntricos. Os processos mais comuns da alteração física são: (i) Fracturação por congelação ; (ii) Remoção por pressão ; (iii) Cristalização de sais ; (iv) Hidratação e (v) Insolação. A alteração química corresponde à decomposição das rochas por reacções químicas que ocorrem, em geral, na água e, em particular, na água dos solos, a qual é, particularmente, rica em dióxido de carbono produzido durante a decomposição das plantas. Os processos mais frequentes na alteração química são: (i) Carbonização (dissolução do carbonato de cálcio por uma água ácida), como, por exemplo, a formação do bicarbonato (HCO_3-) ou a formação de uma topografia cársicas, que é resultado da carbonização dos calcários ; (ii) Chelação (processo durante o qual é formado um edifício poliatómico constituído de um ou vários catiões, entre um ligante e um catião metálico), que corresponde, praticamente, a uma ligação de catiões minerais e moléculas orgânicas produzidas pelas plantas ; (iii) Hidrólise e (iv) Oxidação.

Alto do Delta, Planície deltaica superior.................................................................................................................................Upper Delta Plain, Upper delta

Plaine Deltaïque supérieur / Alto delta / Oberdelta / 上三角洲平原 / Верхняя дельтовая равнина / Delta pianura superiore

Parte superior da planície deltaica localizada acima da linha de maré alta (preiamar) e que se estende desde o ápice do delta até a zona de influência das marés. O declive médio desta zona é cerca 5°. O alto do delta é caracterizado por uma predominância de formas induzidas por processos fluviais. Ele está, permanentemente, emerso e sujeito a inundações. Segundo certos geocientistas, a maré ascendente só tem uma influência ecológica, na distribuição dos ecossistemas anfíbios nas margens dos canais e bancos. Sinónimo de Planície Superior do Delta.

Ver: « Delta »
&
« Planície Costeira »
&
« Prodelta »

O alto do delta (planície deltaica superior) está localizado acima do limite da maré alta, o que quer dizer, que ele não sofre, praticamente, nenhuma acção marinha, isto é, as variações relativas do mar têm pouco influência. Nesta parte da planície deltaica, os sistemas de deposição mais frequentes são: (i) Canais Anastomosados ; (ii) Canais Meandriformes ; (iii) Meandros Abandonados ; (iv) Lagos de Meandro ; (v) Depósitos de Planície de Inundação, etc. O desenvolvimento destes sistemas de depósito é dependente da taxa de descarga e da capacidade de carga sedimentar. A forma do delta e, assim, da planície deltaica, é determinada pela quantidade de sedimentos transportados pela corrente associada e pela actividade das ondas do mar e das marés. Os canais meândricos livres, quer isto dizer, os meandros da planície aluvial (não confundir com os meandros de vale ou vales encaixados), como os ilustrados nesta figura, formam-se na parte mais baixa da planície deltaica superior. Geralmente, eles têm um gradiente menos inclinado do que os canais anastomosados. Teoricamente, é na planície deltaica superior  (alto do delta) que se encontram os sedimentos mais grosseiros, com níveis de grãos heterométricos (depositados durante às cheias) e manchas de sedimentos pelíticos decantados nos braços abandonados. Com efeito, como a topografia é, mais ou menos, plana, muito material e sedimentos grosseiros não são transportados rio abaixo. Os canais meândricos começam, geralmente, como canais anastomosados que são, geralmente, rectilíneos desde a fonte sedimentar até uma determinada distância, para depois, se tornarem sinuosos e, finalmente, se transformarem em canais com meandros. Os canais meândricos têm uma tendência natural a exagerar-se e migrar para jusante de maneira que não é anormal que durante as cheias, a água transborde ou encontre uma nova trajectória de escoamento.

Altura (da vaga)...........................................................................................................................................................................................................................................Wave Height

Hauteur (d'une vague) / Altura / Wellenhöle / 波高 / Высота волны / Altezza del’onde

Distância vertical entre a crista e cava adjacente de uma onda (sísmica ou não).

Ver: « Crista (de onda »
&
« Comprimento de Onda »
&
« Transporte de Eckman »

As vagas do mar são : (i) Ondas de interface, uma vez que há descontinuidade entre dois fluidos de densidades diferentes (ar-água), o que permite as vagas de se formar) e (ii) Ondas de gravidade (visto quando a interface não está em equilibrio forma-se  um força de retorno para a posição de equilíbrio devido a gravidade). No mar tudo cria ondas. Contudo, a maior parte das ondas do mar são criadas pelo vento. Na realidade, quando o vento sopra sobre a superfície de água, as forças de fricção obrigam o mar a ondular. A força do vento, o varrido (extensão da superfície do oceano sobre a qual o vento sopra durante um certo tempo até gerar uma onda ou um sistema de ondas) e a duração do vento determinam o tamanho das ondas. Um mínimo de velocidade do vento de cerca 1 m/s é necessário para criar as ondas. Para ondas de mais de 2-3 m de altura, a força de retorno ou de retrocesso é a gravidade. Para as ondas de altura mais pequena, a força de retorno pode ser a tensão superficial (ondas capilares). As ondas podem ser subdivididas em várias componentes: (i) A crista, é o ponto mais alto de uma onda ; (ii) A cava, ou vale entre duas ondas sucessivas, é o ponto mais baixo ; (iii) O comprimento de onda, é a distância horizontal, entre duas cristas ou cavas consecutivas e (iv) A altura da onda, é a distância vertical entre a crista e a cava seguinte. O período de onda, é o tempo que decorre entre a passagem de duas cristas (ou cavas) sucessivas pelo mesmo lugar. A profundidade da acção das ondas ou vagas depende da agitação do mar (calmo, agitado ou muito agitado) e do comprimento de onda. Em geral, a profundidade de acção das vagas é, mais ou menos, metade do comprimento de onda. Quanto maior é a altura das ondas (mar muito agitado), mais profunda é a acção erosiva das ondas e mais lamacento é o mar, uma vez que ele contém muito material em suspensão arrancado do fundo. Em mar aberto, as ondas têm, em geral, um comprimento de onda entre 60-120 m, velocidades de 10-15 m/s, períodos de 6-9 s e alturas de 1-2 m. É a acção das vagas, que durante as subidas relativas do nível do mar produz as superfícies de ravinamento no cortejo transgressivo do ciclo-sequência. Durante o prisma de nível baixo e alto, quando a ruptura costeira da superfície de deposição corresponde ou está próxima da rebordo continental (bacia sem plataforma), a acção das vagas pode produzir instabilidades na parte superior do talude continental e provocar a iniciação de correntes turbidíticas. Estas correntes transportam os sedimentos arrancados ao rebordo continental e podem enriquecer-se em sedimentos, ao longo do talude. Os sedimentos depositam desde que as correntes perdem competência. A deposição faz-se na base do talude (cones submarinos de talude, CST) ou na planície abissal (cones submarinos de bacia, CSB).

Aluvial (depósito)............................................................................................................................................................................................................................................................Alluvial

Alluvial / Aluvial / Alluvialen / 冲积 / Аллювиальный (намывной) / Alluvionale

Intervalo sedimentar composto, em geral, de aluvião e que é depositado por um curso de água numa planície aluvial. Na estratigrafia sequencial, os depósitos aluviais são os intervalos sedimentares depositados a montante da linha de baía, o que quer dizer que a influência das variações do nível do mar (relativas ou não) é miníma ou nula.

Ver: " Aluvião "
&
" Delta tipo-Gilbert "
&
" Ambiente de Deposição "

O termo aluvial, que vem do Latim “alluvius” e que quer dizer "lavar de novo", não se aplica aos depósitos subaquáticos depositados no mar, estuários, lagos ou lagoas. Os sedimentos de um aluvião são calibrados ou semicalibrados. Eles depositam-se, em geral, na base do talude de uma montanha, no leito de uma corrente, na planície de inundação ou num delta. A morfologia dos depósitos aluviais é a mesma que a dos cones (ou leques) não-marinhos. Os aluviões são, sobretudo, abundantes a montante da linha de baía, a qual, na estratigrafia sequencial, separa os depósitos fluviais (a montante) dos depósitos costeiros (a jusante). A linha de baía corresponde à primeira ruptura da inclinação de uma superfície de deposição (ruptura a partir da qual uma corrente deixa de erodir, para começar sobretudo a depositar). No perfil de equilíbrio provisório de um rio, a linha de baía corresponde ao ponto de inflexão a partir do qual a corrente atinge equilíbrio provisório. Evidentemente, que a posição da linha de baía muda com a posição da linha da costa. Uma descida relativa do nível do mar, que desloque, para a bacia, a foz das correntes, rompe o perfil de equilíbrio provisório dos rios e, por conseguinte, a linha de baía desloca-se para jusante, enquanto que os cursos de água cavam os seus leitos para atingirem um novo perfil de equilíbrio provisório. Sobre este assunto não há consenso. Para certos geocientistas, não é a linha de baía que marca o equilíbrio das correntes, mas a linha da costa. Por outro lado, não se deve confundir perfil de equilíbrio de uma corrente com o ponto de equilíbrio de uma margem, o qual corresponde ao ponto em que a subsidência e a variação relativa do nível do mar se compensam. Em certos casos, contundo, o ponto de equilíbrio pode coincidir com a linha da baía. Quando o nível do mar relativo sobe ou desce, o ponto de equilíbrio desloca-se para o continente ou para o mar. Muitos aluviões contém minérios como ouro, platina, diamantes e toda uma série de pedras, mais ou menos, preciosas. Deve-se evitar de utilizar o termo aluvial, uma vez que ele, tendo uma significação muito larga, pode dar origem a confusões.

Aluvião..................................................................................................................................................................................................................................................................................Alluvium

Alluvion / Aluvión / Schwemmland / 冲积 / Аллювий / Alluvione

Depósito fluvial, detrítico e desagregável, composto, principalmente, por areia, argila e cascalho, e de idade Quaternária. Com o tempo, um aluvião litifica-se e transforma-se numa rocha sedimentar, mais ou menos, compacta.

Ver: " Aluvial "
&
" Delta tipo-Gilbert "
&
" Ambiente Sedimentar "

Estas fotografias ilustram depósitos de aluvião no onshore dos Estados Unidos. Tipicamente, um aluvião é constituído por material sedimentar variado, quer em tamanho, quer em litologia. Pequenas correntes de água podem produzir um aluvião, mas é, sobretudo, nas planícies de inundação e deltas dos grandes rios, que os depósitos de aluvião têm dimensões importantes e que, em geral, contêm minérios diversos como ouro, platina e pedras preciosas. Não esqueça, que uma corrente é um curso de água, que canaliza as enxurradas e, que a linha mediana, que separa o vale em duas partes, mais ou menos, simétricas, é o talvegue. As correntes têm diferentes nomes função do tamanho e comportamento. Quando o leito de um rio é pequeno demais para conter toda água e o material, que ele transporta, o rio transborda o leito criando diques marginais naturais e planícies de inundação, nas quais se depositam aluviões. Certos geocientistas consideram, unicamente, como aluviões os depósitos de idade Quaternária, mas outros utilizam este termo de maneira mais geral. Este tipo de deposição é semelhante à dos depósitos de transbordo de água profunda. Ambos têm a mesma geometria, embora a litologia seja, em geral, mais fina nos depósitos profundos. Há contudo uma diferença muito significativa e que é, perfeitamente, visível nas linhas sísmicas. Um rio implica sempre um leito, onde a água se escoa, enquanto que uma corrente turbidítica não. Uma corrente turbidítica escoa-se, em geral, sobre uma superfície, mais ou menos, inclinada e sem leito. Desde que ela perde velocidade, depositam-se dois lóbulos. Entre os lóbulos, não há deposição. É a zona de passagem da parte mais rápida da corrente, a qual transporta, para jusante, os sedimentos finos antes que eles se depositem desde que a corrente perca competência. A corrente turbidítica seguinte utiliza a depressão entre os lóbulos e, assim, os novos depósitos de transbordo exageram a morfologia da depressão, ao mesmo tempo, que os sedimentos finos se depositam mais a jusante. O preenchimento da depressão entre os depósitos profundos de transbordo é posterior aos depósito destes, enquanto que o leito de um rio é anterior aos diques marginais naturais fluviais.

Alvéolo de Corrosão............................................................................................................................................................................Corrosion Honey-Comb

Alvéole de corrosion / Hueco de corrosión, Alvéolo de corrosión / Gippelfluhr, Wabenförmig / 腐蚀蜂巢 / Коррозионная впадина / Corrosione cella (a nido d'ape)

Pequena cavidade de geometria arredondada ou elíptica (± 0,3 - 0,5 cm de diâmetro), com uma profundidade variável, entre 2-3 mm e alguns centímetros, escavada nas rochas coerentes da faixa litoral, atingidas pelos respingos da salsugem. Embora os alvéolos de corrosão sejam considerados formas de corrosão, os processos mecânicos (impacto das ondas e vento) desempenham também um importante papel na sua formação (Moreira, 1984).

Ver: " Carso Litoral "
&
" Praia-baixa "
&
" Dissolução

Este corte geológico do Cabo das Correntes (Moçambique) ilustra os vários tipos de microformas que se podem encontrar num carso litoral desenvolvidas no espraiado e faixa supralitoral : (1) Arriba Morta alveolizada com alvéolos de corrosão ; (2) Plataforma com Lápias Pontiagudas ; (3) Ouriçangas Litorais ; (4) Visor da Arriba Viva ; (5) Sapa ; (6) Plataforma com Vasques e Ouriçangas Embrionárias ; (7) Plataforma com Vasques Incrustadas de Algas Calcárias ; (8) Plataforma Bioconstruída por Tubícolas ; (9) Ouriçangas Litorais ; (10) Cornija de Rebentação ; (11) Sapa Submersa ; (12) Banco de Coral Morto ; (13) Grés de Praia ; (14) Eolianito. Certas destas microformas são devidas ao impacto das ondas e do vento, mas outras são criadas pela corrosão, isto é, pela acção química da água do mar (quando contém ácido carbónico, húmico ou nítrico) no material calcário e dolomítico o que causa uma dissolução parcial e mudanças químicas. Alguns geocientistas pensam que a acção bioquímica é muito importante no desenvolvimento dos alvéolos de corrosão, se não no início, pelo menos no alargamento da forma. No Cabo das Correntes, as rochas predominantes são os grés de praia calcários e eolianitos (calcoarenitos eólicos, visto que, eles são calcários terrígenos formados pela cimentação das areias calcárias das dunas costeiras). Embora neste exemplo, o carso litoral esteja, directamente, associado com as marés, é evidente que, em termos geológicos, é ele, parcialmente, condicionado pelos movimentos relativos do nível do mar (ciclos transgressão-regressão). Quando o nível relativo do mar sobe em aceleração (transgressão), o substrato carbonatado é carsificado de maneira, mais ou menos, semelhante a cada etapa de subida. Alvéolos de corrosão no granito de St. Tropez (sul da França) induzidos pela salsugem são visíveis na fotografia do canto superior direito desta figura.

Ambiente (de cintura carbonatada)..............................................................................................................................................................Carbonate Facies Belt

Ceinture carbonatée (milieu) / Faja Carbonática / Karbonat-Fazies Gürtel / 碳酸盐岩带 / Зона карбонатных фаций / Cintura carbonato (ambiente) /

Cada um dos ambientes de deposição dos carbonatos, de água pouco profunda, independentemente do tempo e contexto geológico, numa plataforma carbonatada. No modelo de plataforma carbonatada de Wilson (1975), melhorado por vários geocientistas, encontram-se, praticamente, todos os ambientes sedimentares que se podem observar numa cintura carbonatada, como ilustrado na figura abaixo.

Ver: " Ambiente de Deposição"
&
" Sedimentação "
&
" Sedimentação de Carbonatos (princípios) "

Nesta esquema tirado de Schlager (1991), estão resumidos os principais ambientes encontrados numa cintura carbonatada: (i) Bacia ; (ii) Plataforma de Mar Aberto ; (iii) Bordo da Plataforma Profunda ; (iv) Talude Externo ; (v) Recifes do Bordo da Plataforma ; (vi) Zona de Deflação das Areias carbonatadas ; (vii) Laguna de Plataforma com Circulação Aberta ; (viii) Plataforma de Circulação Restrita e Planície de Maré ; (ix) Evaporitos em Sabkhas Salinas. Note, que este modelo não diz nada sobre a diferenciação dos ambientes da cintura carbonatada induzidos pela direcção do vento. Na realidade, os ambientes sedimentares desenvolvem assimetrias em resposta à direcção do vento dominante. Assim, a plataforma de barlavento e catavento têm morfologias e fácies (litologias) diferentes, as quais, por vezes, são bem marcadas nas linhas sísmicas de boa qualidade. No estudo das plataformas carbonatadas é necessário ter sempre em conta que: (i) Os carbonatos são, sobretudo, de origem orgânica ; (ii) Os carbonatos constroem estruturas resistentes à acção das vagas e (iii) Os carbonatos sofrem uma alteração diagenética importante. É por isso, Schlager (1991) diz: (a) Os sedimentos carbonatados não são feito, "nascem", quer isto dizer, que os carbonatos são o resultado de uma actividade orgânica num ambiente marinho, onde a luz solar e nutrientes dissolvidos são disponíveis ; (b) as plataformas constroem aureolas resistentes à acção erosiva das vagas e flancos resistentes aos deslizamentos ; (c) As aureolas das plataformas carbonatadas são construídas por uma estrutura orgânica com uma castificação muito rápida e os flancos são estabilizados pela castificação do fundo do mar ; (d) A mineralogia muda depois da deposição, uma vez, que os carbonatos de água pouco profunda são formados, principalmente, por aragonite, calcite rica em magnésio e proto-dolomite, que depois da deposição se estabilizam em calcite ou se transformam em dolomite.

Ambiente de Deposição.....................................................................................................................................................Depositional Environment

Milieu sédimentaire / Ambiente sedimentario / Sedimentary Umwelt / 沉积环境 / Осадочная среда / Ambiente sedimentario

Condições nas quais os sedimentos se depositam. Os ambientes de deposição são muito variados. Os ambientes de deposição variam desde as partes profundas dos oceanos até aos recifes e corais e, mesmo, até aos lagos glaciares das altas montanhas.

Ver : « Ambiente Sedimentar »
&
« Sedimentação »
&
« Sedimentação de Carbonatos (princípios) »

Nesta figura estão ilustrados corpos sedimentares depositados em diferentes ambientes de deposição: (i) Depósitos de Talude, os quais, em geral, devido à erosão são, raramente, conservados nos registos geológicos ; (ii) Cones ou Leques Aluviais, que se formam, geralmente, na base de certas formas topográficas, sobretudo quando a ruptura do declive é bem marcada ; (iii) Depósitos Lagunares, geralmente muito argilosos e que quando ricos em matéria orgânica e enterrados suficientemente, para que a matéria orgânica atinja a maturação, formam magníficas rochas-mãe (rochas produtoras de hidrocarbonetos) ; (iv) Depósitos de “Playa”, por vezes, ricos em evaporitos que se formam quando um lago seco se transforma en uma “Playa” ; (v) Depósitos de Rios Entrançados, caracterizados por uma forte granulometria e por se depositarem ao longo de vários canais que se ramificam e fusionam de maneira, mais ou menos, aleatória (em certas condições estes depósitos podem ser considerados como rochas-reservatório de petróleo ou gás) ; (vi) Depósitos de Meandro, formados, principalmente, por areia que se deposita ao longo de rios meandriformes, que contrariamente aos rios entrançados, têm um único canal que serpenteia na planície de inundação depositando barras e formando lagos de meandro ; (vii) Dunas de Areia Eólicas, que necessitam um acarreio constante de areia e de vento para se formarem ; (viii) Depósitos Deltaicos, que se depositam nos deltas, os quais se formam quando os rios entram em corpos de água importantes como, por exemplo, num oceano ou num lago ; (ix) Depósitos Pantanosos ; (x) Restingas ; (xi) Praias e (xii) Recifes. A estes ambientes sedimentares juntam-se os ambientes marinhos da plataforma continental e os de água profunda (depósitos turbidíticos), onde se depositam os cones submarinos de talude e debacia e os depósitos abissais. Todos estes ambientes sedimentares se caracterizam por uma: (a) Morfologia ; (b) Energia de escoamento dos fluidos (água, vento, correntes de turbidez, etc) ; (c) Actividade biológica ; (d) Abundância das várias substâncias químicas e (e) Clima.

Ambiente Sedimentar............................................................................................................................................................Sedimentary Environment

Milieu de fácies de dépôt / Ambiente de depositación / Ablagerungsraum / 沉积环境 / Условия осадконакопления / Ambiente deposizionale

Área geograficamente, mais ou menos, circunscrita onde os sedimentos são depositados e preservados. Um ambiente sedimentar é caracterizado pela: (i) Morfologia da área ; (ii) Clima ; (ii) Energia das correntes de água ; (iv) Energia do vento ; (v) Actividade biológica e (vi) Abundância relativa das várias substâncias químicas.

Ver: « Ambiente de Deposição »
&
« Sedimentação »
&
« Sedimentação de Carbonatos (princípios) »

Como ilustrado neste esquema, as rochas sedimentares podem formam-se em vários ambientes sedimentares, os quais podem ser continentais (não-marinhos) ou marinhos (de água pouco profunda e de água profunda). Os ambientes sedimentares costeiros ou de transição são, por convenção, considerados não-marinhos. Os ambientes fluviais são localizados a montante da linha de baía. Em todos os casos, três processos geológicos estão sempre presentes: (i) Transporte ; (ii) Deposição e (iii) Diagénese. No caso das rochas sedimentares clásticas, pode dizer-se que: (A) Os sedimentos são transportados, quer por deslizamento ao longo dos taludes (continental ou deltaico) e vertentes das montanhas, quer pelo vento, quer por correntes fluviais ou marinhas, quer por correntes de turbidez ; (B) A distância à qual um sedimento é transportado e a energia do meio de transporte, deixam indícios preciosos do modo de transporte nos depósitos ; (C) Os sedimentos são depositados quando a energia do meio de transporte é tão fraca, que ela não pode continuar o processo do transporte, quer isto dizer, que os sedimentos tombam para o fundo e depositam-se ; (D) O depósito final reflecte a energia do meio de transporte ; (E) O primeiro estágio da diagénese (processo que transforma os sedimentos numa rocha) é a compactação, que ocorre à medida, que o peso dos sedimentos sobrejacentes aumenta ; (F) A compactação força os grãos a apertar-se uns contra os outros, reduzindo o espaço entre os poros (porosidade), eliminando, assim, uma quantidade de água significativa ; (G) A água de formação pode conter minerais em solução, que, mais tarde, precipitam no espaço intergranular como novos minerais, o que causa uma cimentação à medida que os grãos se soldam uns contra os outros ; (H) A subsidência e a continuação do processo de deposição aumentam o enterramento, o que intensifica a compactação e a recristalização de outros minerais tornando a rocha cada vez mais compacta e mais dura.

Amplitude de Onda..............................................................................................................................................................................................................Wave Range

Amplitude d'onde / Amplitud de onda / Wave-Bereich, Wellenhub / 波动范围 / Диапазон волн / Ampiezza dell'onda /

Metade da altura de uma onda, isto é, da distância vertical entre as horizontais que passam por uma crista e a cava seguinte.

Ver: " Comprimento de Onda "
&
" Altura (de onda) "
&
" Zona de Rebentação "

Como ilustrado neste esquema, uma onda quer ela sísmica, acústica ou uma onda do mar (vaga), pode ser dividida em várias componentes: (i) Crista, que é o ponto mais alto ; (ii) Cava ou Vale entre duas ondas, que é o ponto mais baixo ; (iii) Comprimento de onda, que é a distância horizontal entre duas cristas ou duas cavas consecutivas ; (iv) Altura da onda, que é a distância vertical entre a crista e a cava seguinte ; (v) Amplitude de onda, que é metade da altura da onda e (v) Período de onda, que é o tempo que decorre entre a passagem de duas cristas (ou cavas) sucessivas pelo mesmo lugar. A acção das ondas do mar, isto é, a profundidade máxima de erosão das vagas depende, naturalmente, da agitação do mar. Em geral, distinguem-se três casos: (a) Mar pouco Agitado ; (ii) Mar Agitado e (iii) Mar muito Agitado. Os tremores de terra submarinos e costeiros produzem tsunamis, que quando se aproximam da costa provocam uma agitação do mar extrema, que pode provocar danos muito importante, sobretudo nas baías, onde a água é convergida para um ponto. Apesar da relativa raridade dos tsunamis, depósitos sedimentares associados com este tipo de ondas são conhecidos em várias parte do mundo. Para bem compreender o mecanismo e amplitude de uma onda imagine um barco no mar. Quanto maior for a amplitude das ondas mais o barco se move para cima e para baixo, mas sem sair do mesmo sítio. Evidentemente, que isto é devido ao facto que a energia da onda se transfere através da água do mar sem transferir a água. A água é, unicamente, o meio que transfere a energia. A função de uma onda é de transferir energia através da matéria e espaço. Pequenas ondas causam menos movimento, porque têm menos energia e uma amplitude mais pequena. Um outro elemento importante de uma onda é o comprimento de onda (distância entre duas cristas consecutivas), o qual diminui à medida que as ondas se aproximam da linha da costa, visto que a profundidade do mar diminui. Maior é o comprimento de onda mais energia as ondas possuem. Pense nas estações de rádio AM (ondas médias) que têm um grande comprimento de onda e que se escutam, facilmente, durante a noite, mas dificilmente durante o dia, devido as interferência. Com efeito, quanto maior for comprimento de onda, maior é a possibilidade de haver interferências, sobretudo, durante o dia, uma vez que, há mais actividade humana.


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Ultima actualização : Agosto, 2015